
Bear Poeta
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* *Quase* Eu não vi. Não ouvi. Ninguém me contou. Mas tem algo. Algo que escorre pelas frestas do que você não diz. Um tremor no “tá tudo bem” que sua boca repete como se ensaiasse pra si mesma. Você ainda sorri, mas seu sorriso chega atrasado, como se estivesse vindo de outro lugar com outra intenção com outro alguém. E eu? Eu tô aqui. Tentando não ser o paranóico do roteiro, tentando não escrever cena onde só tem silêncio. Mas mano... esse silêncio tá gritando. Não tem motivo, não tem mensagem no celular, não tem perfume estranho no ar... mas tem você. Com esse olhar que parece pedir desculpa por algo que ainda nem aconteceu ou já foi? Fico me perguntando se a traição mora no ato ou na ausência. Se é só traição quando toca, ou quando pensa. Ou quando para de sentir e continua fingindo que sente. E eu? Eu acredito Mas tem dias que acordo com o gosto da mentira presa na garganta como se tivesse dormido do lado dela. Quase nada. Quase tudo. Quase fim.

Tô vendo muita gente falar da "tradicional família brasileira", mas quem nasceu aqui e sabe da realidade tá ligado que não é tão fácil assim. A família tradicional brasileira é a mãe solo e filho com fome, é mãe que acredita nesse dito da direita e leva soco do marido como resposta. A família tradicional brasileira é o moleque que vende droga e rouba mercado pra não morrer de fome, é a mãe que vai em cana por roubar arroz pra alimentar suas crianças. Não tô romantizando o crime, mas tô falando da realidade que nas favelas se vive. Tô pondo pra vocês a visão da minha janela. "Aí, mas a esquerda é muito suja, apoiam o aborto! São desumanos.", apoiar o aborto é apoiar que não nasça mais um com fome, é apoiar que uma garota não tenha um fruto do abuso. Tio da famosa família tradicional é o tio que passa a mão na sobrinha e ainda dá a desculpa de "ela é muito rapariga, não vê como se veste?!" Mas a vida é assim mesmo, né? A vida é se de sentir na pele, engolir o caroço e continuar calado. Mas eu tenho uma certeza, você que tá lendo ou ouvindo essa, faz parte da "família tradicional brasileira".

Eu não quero alguém que morra por mim Eu só preciso de alguém que viva por mim Alguém que me abraçe nas lágrimas de uma vida complicada Ou sorria comigo numa vida feliz Que chore meu choro e ria minha risadas Que eu apoie e que eu seja apoiado Que peque e seja santo Que dê amor aos prantos