
PCBR - Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
February 26, 2025 at 11:24 PM
📍 Rio de Janeiro (RJ)
Quem são os responsáveis pela tentativa de assassinato de Igor Melo e Thiago Marques?
A crescente violência no estado do Rio de Janeiro, repartida nas mãos de milícias armadas, aliadas ou não do Estado, deixou mais duas vítimas na madrugada da última segunda-feira. Carlos Alberto de Jesus, membro da maior das milícias do Estado, a Polícia Militar, atirou nas costas de Igor Melo, jovem negro que voltava para casa após expediente na garupa de Thiago Marques Gonçalves, trabalhador de aplicativo.
A comoção popular instaurada por familiares e amigos de Igor, conhecido nas redes sociais pelo seu trabalho jornalístico na página “Informe Botafogo”, garantiu a liberdade no julgamento de custódia de Thiago, que apesar de não existirem provas do suposto crime, foi detido e permaneceu na penitenciária de Benfica até terça-feira.
Ainda que a liberdade de Thiago tenha sido garantida pela população, é impossível não imaginar o que poderia ter acontecido com Igor e Matheus se não fosse a comoção popular.
Mas afinal, quem são os responsáveis pelo estado em que se encontra o Rio de Janeiro?
A violência, assim como em qualquer processo colonizatório, é a principal marca dos últimos 500 anos do Brasil. Ciclos e mais ciclos de violência, pautados especialmente pelo racismo e pela manutenção dos lucros das oligarquias e da classe burguesa no país. É nesse contexto que nasce a Polícia Militar, criada para defender a propriedade e manter a ordem burguesa por meio do uso da força.
O estado do Rio de Janeiro vive este processo de maneira mais intensa, por se tratar de um ex-centro econômico do país, possuir grande densidade populacional na sua região metropolitana e viver uma grave crise econômica, visível na grande desindustrialização local, reflexo da instauração do projeto neoliberal no país nas últimas décadas do século XX e começo do século XXI.
Agregado à recente crise econômica, o processo de construção de uma metrópole que garantia dignidade para poucos agravou distorções econômicas e sociais no século XX, fruto de uma política urbana racista, que visava manter nas periferias a população negra e pobre local, além da massa trabalhadora durante o processo de êxodo rural.
É nesta dinâmica em que é feita a manutenção violenta da força estatal nas favelas e periferias do estado, capaz de dar total consciência de impunidade e aval para matar jovens negros e pobres, basta fazer parte da elite econômica ou do braço armado do Estado, como foi o caso de Carlos Alberto de Jesus e sua esposa Josilene da Silva Souza.
Mesmo após o fracasso do programa de segurança pública de todos os governos neste século, incluindo os de Witzel/Cláudio Castro e de Sérgio Cabral, ex-aliado de Eduardo Paes, a forma de lidar com a violência urbana tem sido mais violência, dando total aval para matar às forças policiais.
Semanalmente as manchetes são repletas de imagens de filhos, mães, pais e amigos mortos pelas forças policiais, que posteriormente recebem a impunidade da justiça e jamais retornam às manchetes, com anuência dos veículos de mídia.
A recente fala de Castro do dia 16/02, indicando o não cumprimento dos Direitos Humanos nas próximas ações policiais e a intenção de Paes em criar uma nova Força Municipal armada, criando, na prática, mais uma milícia do Estado na cidade, indicam a perpetuação do ciclo que não aparenta estar próximo de chegar ao fim.
Atrelado ao processo de fascistização ideológica no país, especialmente dos setores armados do Estado, os governantes visam construir o futuro para uma cada vez maior necessidade de manutenção da ordem pelo uso da força, sem quebras com o ciclo de violência, mas que dessa vez será operada por diversas forças fascistizadas, atreladas ou já não mais ao Estado, como já é sentido pela população do Rio de Janeiro.
Portanto, de acordo com as resoluções do XVII Congresso do PCBR, defendemos:
A desmilitarização do aparato de segurança pública, o fim da polícia militar e a completa reestruturação de todo o contingente armado sob controle do Estado, assegurando a mais ampla participação popular na segurança pública, com treinamento e armamento organizado de todo o povo, sob controle comunitário e democrático direto.