https://www.instagram.com/p/DGdT4l4Opcj/?igsh=MWZzbzJ3cXJkczMwYw== *Como o governo Trump resolveu a polêmica entre Lenin e Kautsky?* Em 1914, durante o início da Primeira Guerra Mundial, os líderes políticos Vladimir Lenin e Karl Kautsky entraram em uma polêmica teórica e política sobre as causas do imperialismo e as suas tendências. Para Kautsky, o imperialismo não seria uma necessidade inevitável do capitalismo. Em vez do conflito entre as potências imperialistas, o capitalismo poderia evoluir para um estágio de “ultraimperialismo”, no qual os países imperialistas cooperariam entre si, formando uma espécie de “cartel mundial”, que dividiria mercados pacificamente. Escreveu Kautsky, “do ponto de vista puramente econômico, não está excluído que o capitalismo passe ainda por uma nova fase: a aplicação da política dos cartéis à política externa, o estágio do ultraimperialismo (…) cujos perigos estão em outra direção, não da corrida armamentista e na ameaça da paz mundial (…) não há nada para impedir que essa explosão violenta [Primeira Guerra Mundial] finalmente substitua o imperialismo por uma aliança sagrada dos imperialistas”, em “Ultraimperialismo”, 1914. Lenin retrucou: “Suponhamos que todas as potências imperialistas constituam uma aliança ‘ultraimperialista’ para a partilha ‘pacífica’ de alguns países: essa seria uma aliança do ‘capital financeiro unido internacionalmente’. Pergunta-se: será ‘concebível’, pressupondo a manutenção do capitalismo (e é precisamente esta condição que Kautsky apresenta), que as referidas alianças não sejam EFÊMERAS, que excluam as fricções, os conflitos e a luta de todas as formas imagináveis?”, em “Imperialismo, estágio superior do capitalismo”. Prossegue Lenin, “basta formular a pergunta claramente para que seja impossível dar-lhe uma resposta que não seja negativa, pois é inconcebível que, no capitalismo, a partilha das esferas de influência, de interesses, de colônias, se baseie em algo que não seja a FORÇA dos que participam na partilha. A força dos que participam da partilha NÃO SE MODIFICA DE FORMA IDÊNTICA, visto que, sob o capitalismo, é impossível o desenvolvimento igual das diferentes empresas, trustes, ramos industriais e países. Será ‘concebível’ que dentro de dez ou 20 anos a correlação de forças entre as potências imperialistas permaneça INVARIÁVEL? É absolutamente inconcebível”. O fim da União Soviética em 1991 e o domínio absoluto dos EUA no mundo, junto aos seus sócios da OTAN, fez muitos acreditarem que Kautsky estava correto e que o “cartel mundial” que superaria a disputa entre grandes potências teria se instaurado definitivamente. Entretanto, em recente entrevista, o Secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio, declarou: “NÃO É NORMAL que o mundo tenha simplesmente uma potência unipolar. Isso foi uma ANOMALIA, foi um produto do fim da Guerra Fria. Mas, eventualmente, você voltaria a um ponto em que tinha um mundo MULTIPOLAR, multi-grandes potências em diferentes partes do planeta. Enfrentamos isso agora com a China e, até certo ponto, a Rússia”. O governo Trump vem se voltando contra antigos aliados, como países da Europa e o Canadá. Por exemplo, Trump impôs tarifas comerciais contra seu vizinho Canadá e até ameaçou anexar o país. O vice-presidente dos EUA, JD Vance, deixou claro na Conferência de Segurança de Munique que os EUA não vão mais assumir as maiores responsabilidades pela defesa militar da Europa e declarou que o mundo “globalizado” acabou. Como arremata Lenin, “as alianças ‘ultraimperialistas’ - seja qual for a sua forma, se uma coligação imperialista contra outra, se uma aliança geral de todas as potências imperialistas - no mundo real capitalista, e não na vulgar fantasia pequeno-burguesa do ‘marxista’ alemão Kautsky, são apenas, inevitavelmente, TRÉGUAS ENTRE GUERRAS”. “As alianças pacíficas preparam as guerras e, por sua vez, surgem das guerras; uma condicionando a outra, engendrando uma sucessão de formas de luta pacífica e não pacífica sobre uma única e mesma base de vínculos e relações IMPERIALISTAS entre a economia e a política mundiais”, em “Imperialismo, estágio superior do capitalismo”.