SUMAÚMA
SUMAÚMA
February 26, 2025 at 04:44 PM
“Foi aqui”, disse Clei, nosso ajudante/parceiro/motorista/fixer. O mato estava alto, mas tinha umas flores amarelas insistentes em tornar o clima mais leve. Comecei fotografando as flores. No fundo do meu quadro, a casa abandonada onde aconteceu o crime. Acelerei o passo, dei a volta no terreno para achar alguma brecha na grade e entrar na casa. Rafa, repórter de SUMAÚMA, estava comigo. Mais perto da cena, seguimos numa lentidão atenta, olhando para todos os cantos e procurando vestígios, algo que nos ajudasse a entender aquela história brutal. Vimos luvas médicas e máscaras descartadas num canto. Estranhamos esse ato relapso da equipe de peritos que passou por ali. Logo à frente vimos um vermelhão no chão. Eu não sei o que esperava encontrar, e nem esperava encontrar algo. Mas em nenhum momento pensei que haveria tanto sangue. E o sangue não era uma simples mancha. Ele desenhava as nádegas, as costas. Eu vi, ali, aquela mulher. Vi ali a Rosimar morta. É nessa hora que a gente, como jornalista, deixa nossa alma um pouquinho de lado, respira e manda o corpo seguir em frente. Segura a onda e faz o que tem que fazer. Até porque estamos ali por ela. Estamos ali por todas. A editora de fotografia, Lela Beltrão, conta aqui o que sentiu numa cobertura jornalística extremamente difícil e delicada: o estupro de uma Indígena Baré por Indígenas Yanomami. Uma barbárie que precisa ser analisada sob vários aspectos. Como SUMAÚMA pontuou: “Na sociedade ‘civilizada’, considera-se o crime como obra exclusiva de seus autores. Essa, porém, é apenas parte da verdade. Há outras”. Leia a reportagem completa https://sumauma.com/alcool-drogas-dinheiro-o-coquetel-de-civilizacao-que-resultou-no-assassinato-de-uma-mulher-do-povo-bare-por-jovens-yanomami/
😢 🌳 👍 12

Comments