
sit and think .. 🪑
June 10, 2025 at 03:30 AM
O silêncio entre eles ainda pairava no ar como uma névoa fina, densa, quase sagrada. Tulipan olhava para o céu, mas não via mais as estrelas — sua mente fervia, como se o calor do casaco de Ramon tivesse encontrado um caminho direto até seu coração, descongelando partes dele que preferia manter adormecidas.
Ramon ainda estava ali, firme, presente. O corpo grande quase tocando o dele. O vento diminuíra, mas Pan ainda tremia — agora não mais de frio.
"Você não devia ser tão bom comigo" Ele repetiu, mas sua voz falhou um pouco no final.
"Talvez eu não seja bom." Ramon respondeu, num sussurro. "Talvez eu só esteja cansado de ver você se machucar enquanto tenta amar quem não te vê."
Tulipan virou o rosto para ele devagar, como quem teme encontrar exatamente o que encontrou: o olhar de Ramon, direto, gentil, mas firme. Carregado de algo que já estava ali há muito tempo, mas agora não se escondia mais.
E antes que pudesse dizer qualquer coisa, Ramon se inclinou devagar, quase como se estivesse pedindo permissão com o silêncio, com os olhos, com a respiração entrecortada.
Então o beijo aconteceu.
Não foi urgente. Não foi explosivo. Foi um toque lento, suave, mas cheio de emoção acumulada — como se fosse o desabafo de um sentimento que já não podia mais ficar contido.
Tulipan congelou.
Seu corpo não recuou, mas também não respondeu. O beijo durou apenas alguns segundos, mas foram segundos densos, carregados. Quando Ramon se afastou, havia um receio em seu olhar. Como se já soubesse o que viria.
"Por que você fez isso?" A voz de Tulipan saiu trêmula, um fio fino de ar e confusão. Os olhos arregalados, o coração disparado. Não havia raiva ali. Nem negação. Havia choque. Havia algo quebrando dentro dele — mas talvez não fosse o que ele imaginava.
Ramon respirou fundo, desviando os olhos por um momento, antes de encará-lo de novo com coragem.
"Porque eu não aguentava mais ver você se culpando… se diminuindo… se convencendo de que merece menos do que realmente merece." Sua voz era baixa, mas firme. "Porque eu tô aqui há tanto tempo… vendo você cair nos braços errados, quando tudo que eu queria era que você olhasse pro lado. Só uma vez."
Tulipan sentia o coração batendo alto demais. O beijo ainda queimava nos seus lábios, como um sinal, uma dúvida, um pedido.
"Eu não sei o que sentir agora…" ele murmurou. "Eu ainda tô machucado. Ainda tô confuso."
"Eu não tô te pedindo nada, Pan." Ramon respondeu de imediato. —
"Não agora. Só queria que você soubesse. Que sentisse. Que percebesse que alguém te ama do jeito certo, mesmo que você ainda não consiga aceitar."
O nome “amor” ficou pairando no ar como uma estrela cadente que não caiu, mas brilhou intensa o suficiente pra ser lembrada.
Tulipan abaixou o olhar, levando os dedos devagar até os próprios lábios. Ainda podia sentir o toque. Ainda estava tentando entender o que aquilo significava.
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