Poema pro Inverno, com sotaque gaúcho na pele Ah, o inverno... Quem é que ainda defende o verão? Se é no frio que mora o aconchego, a calma, a emoção. Ler um bom livro debaixo do cobertor, ver filme com pipoca e chimarrão. Coisa de quem sabe viver, de coração. Café preto passado na hora, o cheirinho espalhado pela casa inteira. E quando o sol do meio-dia dá as caras, a gente corre pro canto da calçada pra esquentar o couro e a alma inteira. Abraços ganham mais sentido, um pertinho do outro, bem juntinho, pra dividir calor e carinho, como bons gaúchos, cheios de afeto e abrigo. E quem tem um gato ou um cachorro? Sabe bem do que falo, né? Eles se deitam ao lado, feito coberta viva, um amor que aquece e nunca dá ré. Até os dias mais tristes e chuvosos ganham charme nessa estação. Cobertor, cama quentinha e silêncio gostoso, é quase uma oração. O problema? Levantar da cama! Mas quem nunca? Hahaha… Só com reza braba ou promessa furada. Agora... Dormir de conchinha? Negativo! É bunda com bunda esquentando o couro, como bons gaudérios sabem que é o certo nessa estrada. Sou gaúcha com orgulho e propriedade. E no frio do meu Rio Grande, a vida tem outro sabor, outra verdade. Porque o inverno por aqui é feito de tudo que aquece: a pele, o peito e a saudade. - Texto autoral: Nathy Tarot.