
Capela Nossa Senhora das Dores - IBP/BSB
June 14, 2025 at 11:57 PM
Meditação: O valor santificador do cansaço sacerdotal
“_Vigilate ergo, quia nescitis diem neque horam_: Vigiai, portanto, pois não sabeis nem o dia e nem a hora.” (Mt 25,13)
*I. O sacerdote, sentinela de Israel*
Desde os tempos apostólicos, o sacerdote é comparado a uma sentinela. Diz o profeta Ezequiel: “Filho do homem, eu te pus como sentinela sobre a casa de Israel” (Ez 3,17). O sentinela é aquele que vigia durante a noite, que se priva do repouso, que suporta a solidão e a fadiga por amor ao rebanho.
Assim também é o sacerdote. Ele não pertence a si mesmo: foi tirado do meio dos homens e constituído em favor deles, “para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5,1). Vigia pelas almas, reza, admoesta, consola, ensina.
Santo Ambrósio comentava: “Quem é sacerdote, deve ser o anjo do povo: sempre vigilante, atento, inflamado de zelo, pronto ao sacrifício.”
Santo Ambrósio, De Officiis Ministrorum, Livro I, cap. 1-4. PL 16, col. 25-66.
*II. O cansaço sacerdotal: expressão do amor pastoral*
O mundo foge do cansaço. O sacerdote o abraça. Em cada confissão escutada, em cada aula dada, em cada visita feita, em cada noite mal dormida ao lado de um moribundo, ele experimenta o esgotamento das forças — mas esse cansaço é nobre, é sagrado, é semelhante ao suor do Senhor no Getsêmani.
São Gregório Magno escreve: “O pastor verdadeiro não teme o labor; seu descanso é o bem das almas. Se vê perigo, grita; se vê fraqueza, sustenta; se vê erro, corrige. E tudo isso com lágrimas.”
São Gregório Magno, Liber Regulae Pastoralis, Livro II, cap. 7. PL 77, col. 32–122.
São João Crisóstomo, ao refletir sobre o ministério sacerdotal, dizia: “O sacerdote deve ser como a chama: consome-se para iluminar. A sua vida deve ser uma contínua oblação.”
São João Crisóstomo, De Sacerdotio, Livro VI. PG 48, col. 623–705.
Santo Agostinho dizia: “Para vós, sou bispo; convosco, sou cristão. Mas se o que sou para vós me espanta, o que sou convosco me consola. Por isso, é no cansaço do ministério que se purifica o servo.”
Santo Agostinho, Sermão 340, n. 1. PL 38, col. 1483.
*III. São José Cafasso: um sacerdote consumido por Deus*
Em São José Cafasso, encontramos a imagem viva de um sacerdote que se cansou até à exaustão por amor às almas. Diretor espiritual de São João Bosco, formador de clérigos e confessor de condenados à morte, ele gastou a vida silenciosamente, com docilidade, com firmeza, com um amor pastoral sem descanso.
Ensinava aos jovens sacerdotes: “O sacerdote não é um homem como os outros. Ele é o homem de Deus, e por isso deve estar pronto a tudo: a morrer cansado, a viver escondido, a consumir-se, a desaparecer, contanto que as almas se salvem.”
Costumava dizer: “O sacerdote deve ir do altar ao confessionário, do confessionário ao púlpito, e do púlpito ao leito dos pobres e dos moribundos.”
São João Bosco, seu discípulo, dizia: “Nunca o vi descansar: sempre rezando, ensinando, confessando, consolando.”
São João Bosco, Vita del Venerabile Giuseppe Cafasso, Torino, 1869.
*Fruto espiritual*
Dizia Santo Efrém: “Ó sacerdote, tuas mãos estão calejadas pelo bem, teus olhos cansados pela oração, teus pés fatigados pela missão. Não temas: teu cansaço é tua coroa.”
Cf. Santo Efrém, Carmina Nisibena e Sermones de Fide. Ed. Lamy, Opera omnia.
“In labore requies”, reza a Igreja ao Espírito Santo: “No labor, repouso.” (Sequência litúrgica Veni Sancte Spiritus, atribuída a Estêvão Langton).
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