pratica_filosofica - Boletim mais ou menos diário
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January 30, 2025 at 09:19 PM
*Das coincidências de datas históricas aleatórias: 30 de janeiro* A pouco foi postado duas citações do Beluzzão por discente com alto grau de participação nos debates da disciplina de filosofia política que ministro nesse semestre, postadas lá no zapgrupo da turma, _"O que quero dizer é que estamos vivendo um momento muito preocupante e crucial, que é muito difícil. Como trata-se de uma relação de poder, uma disputa de forças, *fico na dúvida se isso poderá ser resolvido de uma maneira pacífica*_ (grifo discente) "o que está acontecendo, em vez da eutanásia do rentista, é que os *rentistas* estão promovendo a morte da economia no mundo inteiro, em especial no caso brasileiro." (aqui, Belluzzo extraindo consequências de teses de Keynes para comentar a conjuntura, ambas as citações em: https://economistaspelademocracia.org.br/Publicacao.aspx?id=558716, Eu estava sem vontade de retomar todo o fio das argumentações de Arendt e Burke elogiando e contrapondo as transições e bons modos à mesa dos ingleses no seu jeito de "fazer política", construção democrática e resolução de conflitos, para então contrapor a elas duas efemérides de hoje. As citações do professor e economista _(palmeirense como eu aliás, presidente do clube, cuja gestão foi a responsável direta pela superação dos entraves mustafentos e viabilização do que hoje é o Allianz Arena)_ Luiz Gonzaga Belluzzo, autor de importante obras e agudas intervenções no debate econômico, membro ativo da escola unicampiana de economistas de esquerda _(sim, tem vida inteligente também na Unicamp)_, apenas a leitura dessas duas citações, já serve para mostrar a irrelevância das críticas políticas em certas obras filosóficas à "violência' do jeito francês de fazer a transição da monarquia para o domínio da burguesia de 1789 à queda dos jacobinos. Pelo visto, para acabar com o domínio político da burguesia que entrou em cena em 1789, nota-se nas entrelinhas do texto do Belluzzo, será necessário mais que abaixo-assinados, textões limpos e cheirosos nas redes sociais e bexigas d'agua. Pergunta-se: o que se comemora hoje que reduz a nota de três reais os ideologemas de Arendt e Burke quando desqualificam a violência política na Revolução Francesa em contraposição ao sereno paz & amor britânicos? 1) Para começo de conversas: eles *também decapitaram um rei, 140 anos da Queda da Bastilha*, e 144 anos antes dos revolucionários franceses colocarem Luis XVI e família para sentarem no colo do capeta. *Em 1649, o rei Carlos I é decapitado no centro de Londres, acusado de traição durante a Guerra Civil Inglesa (1642-51)*. 2) Quanto às boas maneiras britânicas na resolução de conflitos no quintal *deles*, sem falar aqui do mata-esfola imposto séculos a fio sobre suas colônias ou na China, apenas me referindo ao seu quintal: *30/01/1972* temos o mais famoso dos Domingo Sangrento, o *_Bloody Sunday_* cantado pelo U2 _(vá buscar a letra traduzida dessa música, vale a pena)_, com o exército britânico, seu regimento de paraquedistas, abrindo fogo e fuzilando homens, mulheres e crianças que manifestavam-se na cidade de Londonderry em defesa da independência da Irlanda do Norte. Pois é. A direita pode até ser boa em fazer diagnósticos, geralmente são melhores que a esquerda porque não sem nada a perder e tudo a ganhar, nem lhes é cobrado terem palpas na língua, jamais são 'politicamente corretos'. E muitas verdades em sua crueza sem alívios são mesmo desagradáveis de serem enunciadas por floquinhes-lacradores-tadinhes-tão-ansioses. Mas quando se trata de um pensador de direita de lidar com conflitos sociais antissistêmicos, tal personagem falha mais que rojão molhado em festa junina sob chuvas e trovões.
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