
pratica_filosofica - Boletim mais ou menos diário
February 13, 2025 at 02:29 PM
Como ocorre com qualquer incêndio no depósito de lixo, ele pode ou não sair do controle e queimar ou não o resto das dependências da casa. O que pode prejudicar quem se alimente de lixo, ou abrir novas perspectivas.
Seria contra o incêndio das dependências da casa do _"campo progressista democrático"_ como tipo de risco de autoimplosão política que o articulista do texto acima nos coloca em alerta.
A desafinar em seu texto, duas coisas, uma delas na parte final do texto, com seu aceno a um _"campo progressista democrático"_ sob risco de ser _"capturado por movimentos que nos levarão para o fundo do rio ou para as profundezas da solidão em uma caverna"_.
Spoiler: já era, acabou tal _"campo progressista democrático"._ Para ser chamado de "campo" teria de ter ossatura, estatura, estrutura capaz de mover embates com o lado destrutivo, canibal, genocida das forças políticas. E faz tempo que é seu mero apêndice a legitimar a suruba eleitoreira visando troca de plantonista no uso da caneta-amiga e do "para os inimigos-a-lei".
Por um lado, o ex-"campo progressista democrático" está reduzido a alguns punhados de _"jestores"_ em disputa fratricida entre si por acesso a fundos públicos tendo por meta o protagonismo na condução do _"menos do mesmo"_ sempre claro para evitar o _"mal pior com retorno do fascismo"_. A prantear, nesse caso, a falta de um espelho no banheiro da casa desse lado "progressista democrático", que se tem na conta de "realista".
E tem a outra parte, a com-voz-identitária-liberal-progressista, que seria a parte do "campo" que poderia levar à sua própria autoimplosão.
Levaria talvez, caso tal "campo progressista" ainda existisse para além do reino das ilusões perdidas.
Claro já é que a parte "jestor-realista" é mais ortodoxa que a "direita' que delira combater... pois se vale das mesmas diretrizes impostas por interesses ditados pelo "mercado", radicalizadas enquanto se focaliza alguma política de contenção de danos atenuando sofrimentos vividos por miseráveis abaixo da linha da pobreza, focalização que move neles a fantasia da prerrogativa de se dizerem de "esquerda". O que reduz o tal "campo progressista democrático" a menos que um laguinho no meio do deserto de almas sebosas _jestoras do bem_.
Ainda resta a ex-querda identitária, a perninha menor do "campo progressista", que se mostrará, ao final do decálogo que se segue abaixo, apenas sócia-menor da "perna maior" da ultradireita, contra a qual é usual aliás fazer vistas grossas nas suas jornadas lacradoras quanto mais milionária for a perninha maior.
Que dizer do equívoco conceitual de situar a parte dos com-voz-identitária entre os progressistas?
(1) desde sempre sua lógica de ação pauta-se pela eliminação e silenciamento do oponente, tal como a ultradireita sempre o fez, um justiçamento que é justo-em-si e quem discorde dos movimentos da "mão que balança o berço" vai ser queimado junto, vide o machado agora a decapitar a biografia da Kehl;
(2) tampouco cabe situar entre "progressistas" os pequeno-burgueses atomizados em bolhas "de corpos insubmissos" porque se limitam à imposição, aos gritos, sem qualquer "diálogo" e sim mediante mera enunciação, da SUA "nova gramática do poder", sua PARTICULARIDADE elevada a valor absoluto;
(3) a última vez em que teve eficácia o passo político visando a imposição, como "valor absoluto", de alguma verdade ontológica, a última vez teve sucesso foi esses dias mesmo, com os mísseis a transformar o norte de Gaza em pilhas abjetas de cadáveres soterrados sob prédios transformados em pedritas
_(Uma digressão – recado aos pós-modernos que digam que "morreu" a "arte moderna": repare que a entidade 'Israel' confere um sentido à máxima literária modernista da "work in progress" em T.S.Eliot, um sentido de eternidade no que se refira ao esbulho, roubo e ocupação de novos territórios)_.
(4) portanto, a "novidade" da implosão do campo progressista sob ação do mata-esfola identitário é tão nova quanto a pizza e o bolo de mandioca, resumindo: não há novidade alguma no assassinato do oponente como tática política.
(5) como atenuante, por se tratar de um campo pífio e patético como tudo o mais que lhe diga respeito, ao menos trata-se de assassinato apenas do "corpo" virtual/digital do "inimigo a ser destruído em nome da ordem moral do dia". O assassinato físico, por ora, ainda segue sendo a arma da direita. Ainda? Bom, a chacina de espartaquistas (Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht) imposta pela "ala responsável" da socialdemocracia alemã em 1919 mostra que, caso tenham acesso a armas, até essa diferença some.
(6) tudo somado, é melhor mesmo que apenas o gado bolsonarista esteja a se credenciar e a praticar o ritual-CAC. Assim se limitará a esse "campo" os casos de autoimplosão. E tampouco se fornecerá a deixa que facilitaria à ultradireita enfiar o pirulito do "meu corpo minhas regras" naquele remoto lugar onde o sol nunca bate que é também a eterna obsessão de ambos os lados da bifurcação violenta [ultradireita x ultraidentitáries profgressistes] em seu idêntico e raso _modus operandi_ movidos a pautas tiradas do próprio umbigo.
(7) O tal "campo progressista democrático" JÁ É UM CAMPO PROTOFASCISTA LIBERAL NA ECONOMIA E SEQUER LIBERAL NOS COSTUMES, já que impermeável a "divergências", "dissensos", conflitos, lutas ou qualquer outra forma que duvide ou questione a acesso irrestrito ao "meu pirulito minhas regras", que dizer então dos modos de elaborar derrotas, lutos, incertezas, desesperança e fim de linha das promessas de integração fofes em que todes saiam ganhande _(nem em "conto de fadas e fodas" isso é possível)_. Daí para o mata-esfola dos que estejam do mesmo lado da trincheira é um pulo, e esse pulo já foi dado lá no tiro de largada ainda nos anos 60, mas essa é uma outra história.
(8) mas sempre com a ressalva: por ora, o extermínio físico é ainda reservado aos herdeiros do neonazista estadunidense dos anos 30 na zona rural de algum rincão deles lá, a latir sua "essência biológica" enquanto linchava negros em festas públicas da Ku Klux Klan _(que é de onde o nazismo alemão adotou seu mantra eugenista, e atualizado ininterruptamente há quase oito décadas pela entidade sionista "Israel" e sua "work in progress" genicidário-expansionista)_.
(9) Não se tenha ilusões: a lógica do silenciamento virtual/digital do adversário prepara o caminho para sua censura, proibição, perseguição e extermínio físico, que só podem ser tocados por surtados psicóticos de ultradireita sem sangue de barata nem tampouco medinho de sentar-se no colo do capeta após ganhar passagem pra ver capim crescer pela raiz.
(10) A quem delire esteja eu sendo pessimista ou apocalíptico, relaxe: não te faltarão editais nem disputas eleitoreiras para tu brincar com outros tantos pirulitos, a coroar teu "rebaixamento de expectativas" a um "passado que se recusa a deixar de ser presente eterno". É o tal "fim das utopias", miojo de cinismo político que rendeu alguns centavos a quem primeiro escreveu a respeito, mas não te preocupe: o miojo político-administrativo vive de reciclagens, afinal, que mais seria o "presente eterno" senão isso, o alimentar-se de lixo reciclado? Bom apetite ao que satisfazem com isso, e aos demais, sigamos com a aposta que abre esse post, e que, ao invés de nos alimentarmos de lixo reciclável, sigamos no árduo trabalho de abrir, nutrir, propor novas perspectivas e ações.
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