O Evangelho no trono Sobre o trono é colocada a palavra escrita de Deus, o sagrado Evangelho, de maneira que, desse lugar elevado, possa ser visto por todos. Simeão de Tessalônica (sobre o templo, caps. 13 e 133) diz: "O Evangelho, que representa Jesus Cristo, está no meio do trono, e isso é para que todos possam vê-lo, especialmente quando é pregado." O trono é o tribunal O trono é também para nós o verdadeiro tribunal de Cristo, de onde o Salvador oferece o alimento celestial, os Dons Divinos, para sustento de nossas almas. Ele o oferece não apenas como sinal de sua misericórdia, mas também de seu amor eterno. O trono também representa o tribunal de Cristo, onde, após deixarmos esta vida, ouviremos o julgamento e a decisão sobre nosso destino eterno. Nesse sentido, São Germano escreve: "O βῆμα ou altar é um lugar elevado (ao qual se chega por meio de degraus), e nele há um trono, onde está o Rei de todos, Cristo, com os santos apóstolos, aos quais disse: ‘Vós também vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel’ (Mateus 19:28). Assim, imaginando o trono como o juízo de Cristo, cada um de nós deve recordar o momento em que compareceremos diante do tribunal de Cristo, e que essa decisão preliminar sobre nosso destino será ouvida do trono colocado no altar. Pois está escrito: ‘Cada um come e bebe juízo para si mesmo’. Esta é a palavra de um de nossos doze juízes." 3. O trono e a memória das obras de Cristo Visto que no trono colocado no altar são comemoradas as diversas obras de Cristo durante a Divina Liturgia — especialmente a Última Ceia, a cruz, o sepulcro, a ressurreição ao terceiro dia, a ascensão ao céu, a entronização à direita do Pai e a sua segunda e gloriosa vinda à terra — o próprio trono adquire diferentes significados. Em primeiro lugar, o trono simboliza o banquete sagrado no qual Cristo oferece aos fiéis sua Carne e seu Sangue vivificantes como alimento e bebida para a vida eterna. São Germano escreve: "O banquete sagrado representa o lugar do sepulcro onde Cristo foi depositado; no mesmo banquete, o Pão verdadeiro e celestial, o Sacrifício sacramental e incruento, é colocado diante dos fiéis. Sua Carne e Sangue vivificantes são oferecidos aos fiéis como alimento e bebida para a vida eterna." Simeão de Solouan (cap. 138) acrescenta: *"A terrível comida (o trono), que está no meio do santuário (altar), representa o túmulo de Cristo e o mistério de seu sofrimento: sobre essa comida é realizado o Sacrifício vivo e universal, e nosso Salvador, como Deus, repousa sobre ela e, como um cordeiro, é imolado. Por isso, a comida está no centro do altar, para que todos a vejam e todos a comam. Por essa razão, o trono é chamado de banquete, pois Jesus é o alimento e a doçura que dá vida. Aqui está o pão que fortalece e sustenta os fiéis, a taça com vinho, que alegra, reanima, aquece e nutre os ortodoxos com a graça divina, e a água misturada ao vinho, que purifica, sóbria, irriga, alimenta, frutifica e concede diversos dons. Todos veem esse alimento e todos dele participam. E quem não come desse pão está morto, conforme as palavras de Davi: ‘Perecerão todos os que se afastam de Ti’ (Salmo 72,27). Esse alimento só pode ser consumido por pessoas, pois é um alimento espiritual, próprio dos seres humanos. A Palavra nutre sem sangue; e aqueles que se alimentam desse alimento não pertencem à carne, assim como Aquele que dele se alimenta. Ele foi gerado pelo Espírito Santo e gerou pelo Espírito Santo; assim como o Fruto brotou sem paixão, Ele também é representado pelos frutos da terra sem paixão. Portanto, a comida, o pão, o vinho e a água são sacramentos, e este Sacramento é incruento, não um sacrifício carnal e material."* É importante notar que, na realidade, o termo "comida" refere-se apenas ao púlpito superior do trono, que é colocado e sustentado sobre colunas; a partir desse púlpito, todo o santo trono recebe o nome de "comida". Simeão de Silouan (cap. 106) diz: "O bispo, na presença dos bispos e hierarcas, toma o refectorium, o coloca sobre os pilares e o fortalece."