Genuínos Ortodoxos no Brasil
February 13, 2025 at 11:05 AM
Quem são, de onde vêm e por quê?
De onde vêm os sacerdotes?
O que é a sucessão apostólica?
Sacerdócio e casamento
Como se dirigir aos sacerdotes
Quem é o pai espiritual?
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De onde vêm os sacerdotes?
Em todas as épocas e religiões, sempre existiram pessoas que os livros soviéticos chamavam de "servidores do culto". Na realidade, esses indivíduos possuíam diferentes nomes, mas sua principal função era atuar como intermediários entre os seres humanos e as forças espirituais adoradas por cada crença. Esses "ministros do culto" dirigiam-se a essas forças com orações e oferendas.
Embora os sacerdócios existam na maioria das tradições religiosas, as entidades espirituais com as quais interagem são distintas. Por isso, é essencial compreender a quem um determinado culto oferece sacrifícios e quem é de fato adorado.
Nesse contexto, o clero ortodoxo não tem qualquer relação com sacerdotes pagãos, xamãs ou equivalentes. Sua linhagem espiritual remonta ao sacerdócio do Antigo Testamento, pois os sacerdotes que, ao lado do profeta Moisés, conduziram os judeus à Terra Prometida, adoravam o mesmo Deus dos cristãos: o Deus da Bíblia.
O sacerdócio veterotestamentário surgiu há cerca de 1500 anos antes de Cristo, quando os judeus deixaram o Egito e, no Monte Sinai, receberam de Deus os Dez Mandamentos e outras leis que regulamentavam sua vida religiosa e civil. Um dos mandamentos determinava o local dos sacrifícios e os responsáveis por oferecê-los. Assim, surgiu o Tabernáculo, um templo móvel que guardava as Tábuas da Lei e onde serviam os ministros sagrados. Mais tarde, o rei Salomão construiu um grande templo em Jerusalém seguindo o modelo do Tabernáculo.
Embora todos os israelitas participassem do culto, somente os sacerdotes podiam oficiar os sacrifícios. Como no sacerdócio do Novo Testamento, havia uma estrutura hierárquica, mas com uma diferença: o sacerdócio veterotestamentário era hereditário. Para os cristãos ortodoxos, a conexão com esse sacerdócio é viva e direta, sendo possível ver ícones de sumos sacerdotes do Antigo Testamento em igrejas ortodoxas. Um exemplo é São Zacarias, pai de São João Batista, cujo nome ainda é dado a crianças ortodoxas no batismo.
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O sacerdócio do Novo Testamento
O sacerdócio cristão surge com a vinda de Cristo ao mundo. Os sacerdotes do Novo Testamento servem ao mesmo Deus da Bíblia, mas a forma e o significado desse serviço mudaram. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram oferecidos exclusivamente no Templo de Jerusalém. No Novo Testamento, o sacrifício não está vinculado a um local geográfico, e sua natureza mudou radicalmente. Enquanto em outras religiões o homem oferece sacrifícios aos deuses esperando uma resposta, no Cristianismo Deus se sacrifica pela humanidade — literalmente, na cruz.
Esse sacrifício é a base do ministério sacerdotal cristão. Na Divina Liturgia, após a oração dos fiéis, Cristo mesmo se oferece como sacrifício. Os cristãos então participam desse sacrifício ao comungar Seu Corpo e Sangue.
O livro dos Atos dos Apóstolos descreve o crescimento da Igreja nos primeiros trinta anos e o desenvolvimento da estrutura hierárquica de três níveis que perdura até hoje. Os primeiros sacerdotes foram os doze apóstolos, escolhidos e enviados por Cristo para exercer três funções:
1. Sacerdócio – oferecer o sacrifício espiritual;
2. Ensino – pregar a Palavra de Deus;
3. Governo – administrar a Igreja.
Inicialmente, os apóstolos realizavam todas essas tarefas sozinhos, mas o crescimento rápido do número de fiéis os levou a nomear auxiliares. Primeiramente, foram escolhidos sete diáconos (do grego diákonos – servidor) para ajudar nos aspectos práticos e econômicos da Igreja, permitindo que os apóstolos se concentrassem na Liturgia e na pregação. O diaconato é o primeiro nível do sacerdócio.
Quando os fiéis se multiplicaram, os apóstolos passaram a ordenar bispos (epíscopos – supervisores) para administrar as igrejas locais. A diferença entre um bispo e um apóstolo era que o bispo exercia sua autoridade em uma região específica, chamada eparquia.
Com o tempo, os bispos também precisaram de auxiliares. Assim surgiram os sacerdotes (ou presbíteros), que possuíam praticamente os mesmos poderes que os bispos, exceto o de ordenar novos clérigos. Já os diáconos passaram a auxiliar bispos e sacerdotes nos serviços litúrgicos.
O sacerdote é frequentemente chamado de pastor, pois tem a responsabilidade espiritual sobre seu rebanho. Essa responsabilidade é grande, razão pela qual Cristo disse: "A quem muito foi dado, muito será exigido" (Lc 12,48).
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O que é a sucessão apostólica?
A sucessão apostólica é uma das marcas essenciais da verdadeira Igreja. Sem ela, a Igreja não pode existir nem realizar os Sacramentos.
O sacerdócio não é herdado, mas conferido pelo Sacramento da Ordem. O candidato é ordenado quando um bispo impõe suas mãos sobre sua cabeça e recita orações especiais. Esse bispo, por sua vez, foi ordenado por outro bispo, e assim por diante, em uma linha ininterrupta que remonta aos próprios apóstolos.
No entanto, a sucessão apostólica não se limita a essa cadeia de ordenações. A Igreja deve também preservar fielmente a doutrina recebida dos apóstolos. Sem essa fidelidade doutrinal, não há verdadeira sucessão apostólica.
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Sacerdócio e casamento
À medida que a Igreja cresceu, surgiram diferentes formas de vida cristã, incluindo o monasticismo. Assim, o clero foi dividido em dois grupos:
Clero "branco" – sacerdotes casados;
Clero "negro" – sacerdotes monásticos.
Nos primeiros séculos, até os bispos podiam se casar. No Ocidente, no final do primeiro milênio, foi imposto o celibato clerical. No Oriente, no entanto, os sacerdotes seculares continuaram a casar-se antes da ordenação. Após a ordenação, um sacerdote solteiro não pode mais casar-se.
O casamento do sacerdote possui grande significado na Igreja, pois ele deve representar o ideal evangélico, seja pela vida monástica ou pela fidelidade conjugal. Assim, um sacerdote não pode ser casado mais de uma vez e, se divorciado, deve permanecer celibatário.
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Como se dirigir aos sacerdotes?
Os títulos clericais variam conforme a hierarquia e a tradição.
Para o clero casado:
Sacerdote (do grego hieréus – sagrado)
Presbítero (presbyteros – ancião)
Protopresbítero (primeiro presbítero)
Arcipreste (primeiro sacerdote)
Para o clero monástico:
Hieromonge (monge-sacerdote)
Hegúmeno (abad de um mosteiro)
Arquimandrita (líder de um grande mosteiro)
Tratamentos honoríficos:
Diácono – Sua Reverência
Presbítero – Sua Reverendíssima
Protopresbítero – Sua Muito Reverendíssima
Bispo – Vladyka / Sua Graça
Arcebispo / Metropolita – Sua Eminência
Patriarca – Sua Santidade
Na conversação comum, os sacerdotes são chamados de "Padre" seguido de seu nome.
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Quem é o pai espiritual?
O "pai espiritual" é um sacerdote ao qual um fiel se vincula para receber direção espiritual contínua. Não se trata de um título oficial, mas de uma relação de confiança e orientação. O pai espiritual aconselha, ensina e auxilia seu filho espiritual no caminho da salvação.
Ter um pai espiritual não é obrigatório, mas é de grande benefício para a vida cristã.
Enviado por S.E.R.Vladyka Panteleimon, Arcebispo da América latina do Santo Sínodo GOX de Avlona na Grécia.
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