
Autor Ismael Faria
February 7, 2025 at 09:01 PM
Noite de festa. Eu, Júlio, com meu smoking e Maya de vestido preto, com um decote vistoso que, me atrevo dizer, roubava olhares deles... e delas. Dançamos de corpos e rostos colados, em clima de romance. A cada vez que eu a girava pelo salão, Maya dava um show. Entre passos de dança, goles em drinks e o burburinho ao redor, tínhamos olhos apenas um para o outro.
Depois da festa, ao chegarmos em casa, a madrugada se dissolvia em tons pálidos quando atravessamos a soleira da porta. O eco dos nossos passos ressoava na penumbra do apartamento, embalado pelo resquício de música que ainda vibrava em nossos corpos. Maya deslizou os dedos pelo braço do meu paletó antes de se desvencilhar dos saltos, deixando-os tombados no tapete como vestígios de uma noite que se esvaía.
— Foi uma noite memorável — disse ela, a voz velada pelo cansaço e pelo rastro de um sorriso.
Inclinei-me para pousar as chaves sobre a mesa, observando-a de soslaio. Os olhos de Maya ainda traziam um brilho inquieto, como se a noite não lhe bastasse, como se a festa tivesse deixado nela uma fome que o tempo não consumia tão depressa.
— E inesgotável — repliquei, desatando o nó da gravata, sentindo o peso das horas sobre os ombros.
Ela se aproximou, os pés descalços deslizando sobre o chão frio, e o perfume da noite, do álcool e do desejo pairou entre nós.
— Ainda não quero dormir. — Disse ela a me fitar o olhar.
Sorri de canto, desabotoando o primeiro botão da camisa. Ela me observava com aquele ar de desafio, como se dissesse que a noite só acabaria quando ela quisesse.
Ela se vira para mim e me pede para tirar a gargantilha que ao seu pescoço adornava. Olho para aquela nuca e para aqueles ombros como querendo algo mais do que o contemplativo. A luz suave da manhã filtrava-se pelas frestas das cortinas, beijando sua pele com um brilho difuso.
Aproximo-me sem pressa, deslizando os dedos pela fina corrente, sentindo o calor que ainda emanava dela. O fecho cede sob o toque, e a joia desliza por sua clavícula antes de repousar em minha palma. Maya suspira, inclinando levemente a cabeça, expondo-se ao momento com a languidez de quem sabe exatamente o efeito que provoca.
— Você está quieto — diz, virando-se para me encarar. — No que pensa?
Levo a gargantilha até a mesa, pousando-a ali como um pequeno troféu da noite. Encaro seus olhos, que brilham como se a madrugada ainda vivesse dentro deles.
— Penso que a noite deveria durar um pouco mais.
Ela sorri, mordendo de leve o lábio, e me olha com uma expressão de querer.
Ligo o som em modo ambiente, e a melodia suave de Lembra de Mim, de Ivan Lins, preenche a sala. A música se espalha pelo ar, envolvente e nostálgica, como se cada acorde carregasse uma lembrança particular. Sem dizer uma palavra, puxo-a para mais uma dança.
Ela se entrega ao meu abraço, e a cada passo, nossos corpos se encaixam com uma naturalidade que parece desafiar o tempo. Maya é leve, como se seus pés mal tocassem o chão, e nós dois seguimos o ritmo da música, entregues à sintonia que já ultrapassava qualquer conversa. O ambiente, as lembranças da festa, tudo se desfaz ao redor, restando apenas o espaço entre nós dois, onde a dança se faz mais que um gesto, mas uma linguagem única.
A melodia vai nos guiando, quase como se a própria canção fosse uma extensão de nossos pensamentos, de nossos desejos não ditos. E, entre uma volta e outra, eu a observo, cada movimento dela me parecendo mais profundo do que a simples dança. Ela sorri, e o som suave da música se mistura ao som do nosso silêncio.
Enquanto dançamos, Maya tira os braços que me envolviam o pescoço e leva as mãos para suas costas, abrindo o zíper do vestido até onde ela conseguia. O movimento é lento, preciso, como se cada gesto fosse parte de uma coreografia ensaiada apenas para nós dois. Ela morde os lábios com um sorriso travesso e, em um sussurro suave, me chama.
Virando-se para mim, ela dá um passo à frente, e o vestido parece escorregar de seu corpo, ainda preso pela última parte do zíper, esperando que eu termine o que ela começou. Olho para ela, os olhos arregalados de desejo contido, e o tempo parece suspenso. O som da música, antes doce e envolvente, agora se mistura ao ritmo acelerado dos nossos corações.
Me aproximo, minhas mãos encontrando a delicadeza da sua pele enquanto finalizo o gesto, e o vestido se dissolve por completo, caindo ao redor de seus pés. Ela permanece ali, de frente para mim, com os olhos brilhando como se a noite ainda fosse nossa.
Agora, com seu corpo coberto apenas pela lingerie, Maya se vira e começa a abrir lentamente cada botão da minha camisa. Seus dedos deslizam com precisão, como se cada gesto fosse uma promessa. A suavidade das suas mãos contra o meu torso envia uma onda de calor, e eu sinto o arrepio percorrendo minha pele, misturando-se ao calafrio de antecipação.
Quando todos os botões estão abertos, ela para por um instante, observando-me com aquele olhar intenso e silencioso. Em seguida, desliza as duas mãos pelo meu peito, como se quisesse memorizar cada contorno, cada linha da minha pele. Eu posso sentir a suavidade das suas mãos, quentes e delicadas, traçando um caminho que me faz esquecer o resto do mundo.
O som da música parece mais distante agora, eclipsado pela proximidade, pela eletricidade crescente entre nós. Maya me olha com um sorriso suave, mas seus olhos falam muito mais do que as palavras poderiam expressar.
Não parando apenas por aí, Maya retira meu cinto e abre minha calça lentamente, abaixando-a com as próprias mãos. Assim que ela o faz ela se abaixa e puxa minha roupa íntima para baixo, me deixando totalmente indefeso. Segurando o meu membro com força, ela o coloca na sua boca, começando uma deliciosa brincadeira mexendo com minha excitação e com os meus sentidos. São segundos de uma provocação intensa, que me leva a loucura.
— Minha vez! — Diz ela, com um tom de autoridade.
Ela se senta sobre a mesa de madeira, resistente o bastante para que eu possa toma-la ali mesmo, sem nenhuma preocupação com a falta de segurança. Usando minha própria boca, puxo a parte de baixo da lingerie, deixando sua intimidade à mostra, só esperando pelas minhas carícias. Ao encaixar minha boca ali, eu a sinto úmida, ficando claro para mim o que ela mais queria que eu fizesse naquele momento.
Ela tira o sutiã, deixando seus seios à mostra também, puxando o meu rosto para me indicar exatamente o que ela queria naquele instante. Abocanho seus seios, roçando minha língua bem de leve nos seus bicos, fazendo com que Maya se arrepie toda, enquanto ela sente aquele prazer tomar conta dela. Não resisto e subo ao seu pescoço encaixando minha boca deliciosamente naquela pele macia e gostosa, ao passo em que ela me agarra com força, prendendo-me pelas pernas e me abraçando fortemente, querendo sentir mais do meu corpo colado ao dela. Eu a deito sobre a mesa, seguro sua cintura fortemente e, num rápido movimento, começo a fazer amor com ela, invadindo-a lentamente fazendo com que ela sinta cada centímetro de meu membro dentro dela e com que ela sinta uma onda de choque e prazer preencher cada fibra do seu corpo. Ela leva as mãos aos seios, massageando-os, enquanto solta gemidos gostosos e provocantes. Incapaz de me conter, puxo-a para fora da mesa, fazendo com que ela se apoie completamente, envergando o seu corpo sobre a mesma.
— Faz forte! — Ordena ela. Obedeço apenas.
Ela me empurra e me puxa de volta me jogando sobre a mesa, espalhando tudo o que há, sem se preocupar com mais nada. Ela se senta sobre meu membro, encaixando-se lentamente, começando a fazer movimentos suaves, que pouco a pouco vão tomando proporções cada vez mais intensas. Apoiando-se com as mãos em minhas pernas Maia enverga seu corpo totalmente para trás, me fazendo sentir cada movimento de seus quadris e me deixando molhado, pois a sua unidade escorre por entre as pernas também escorre por mim e para a mesa.
Ela cavalga cada vez mais forte, com as mãos apoiadas em meu peito, inclinando o seu corpo para a frente só para poder mexer seu quadril mais rapidamente, fazendo com que aquele movimento nos proporcionasse ainda mais prazer e maior excitação. Fomos para o sofá, onde ela se apoiou com os braços no encosto enquanto eu pegava por trás.
Ela enverga seu corpo para trás e, com seus braços, envolve-me a nuca, virando também seu rosto para que nos beijássemos por alguns instantes, mas sem permitir jamais que eu parasse qualquer um dos Meus movimentos pois não queria parar de sentir aquele vai e vem dentro dela. O sofá é grande e vistoso, com espaço suficiente para outras diversas posições. Nos deitamos de lado com a mão em sua cintura, e ela com a mão segurando minha nuca.
— Vai! Vai! — Ela pede mais.
Quer dentro? - Pergunto ao pé do ouvido.
Quero. Derrama dentro de mim. Quero tudo.
Solto um gemido alto, mas ela ainda precisa ser saciada. Então, eu continuo a fazer.
— Isso! Isso! Vem. Aaaaah! Não para, por favor. — Eu a sinto mais e mais molhada e continuo meu ritmo, até que ela começa a se entregar.
— Está vindo! Está vindo! Ai! Aaaaaaaaaah! — Ela solta um gemido alto, prova de que chegou ao seu ápice.
Quando finalmente a última onda de prazer se dissipou, o silêncio que tomou conta da sala foi quase sagrado. O cansaço se fez presente, mas não como algo pesado. Era mais como uma tranquilidade, um suspiro de alívio após a tempestade, uma sensação de que estávamos exatamente onde deveríamos estar.
Maya descansou sobre meu peito, os cabelos desordenados caindo sobre a pele ainda quente de nossos corpos entrelaçados. Suavemente, acariciei os fios dourados que já começavam a se ressecar, e, ao meu toque, ela se aninhou mais perto, como se quisesse se fundir ainda mais a mim.
— Eu nunca vou me cansar disso — sussurrou ela, sua voz suave, embriagada de satisfação.
Eu sorri, sentindo o coração bater de forma ritmada, tranquilo agora. Olhei para o teto, absorvendo o momento, e não pude deixar de pensar em como o que compartilhamos era algo que transcendia o desejo, algo que conectava nossos espíritos com uma profundidade que palavras não poderiam expressar.
— E eu também — respondi, com a voz baixa, mas cheia de convicção.
O som do relógio na parede marcou as horas com precisão, mas o tempo parecia diferente ali. Nada mais importava.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas ouvindo a respiração um do outro, até que Maya se mexeu, olhou para mim com um sorriso leve e brincou:
— Acho que estamos atrasados para o café da manhã.
Eu ri baixinho, tocando seu rosto com a ponta dos dedos, antes de responder com um sorriso:
— A gente tem o resto da vida para o café da manhã.
E, nesse instante, soube que o resto da vida, de alguma forma, começava naquele exato momento, entre nossos olhares, nossos gestos e a promissora quietude do nosso refúgio.
Autor Ismael Faria
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.