*Olhar Eterno* Aqui repousa quem transformou a luz em verdade, o grão em poesia. Sebastião captou a alma humana em cada contraste, revelando beleza onde outros viam apenas dor. Suas mãos moldaram sombras que sussurravam histórias de resistência, esperança tecida em prata e gelatina. Como arqueólogo da humanidade, desenterrou dignidade em cada rosto sulcado, em cada gesto suspenso no tempo. O preto e branco de suas lentes nunca foi ausência de cor, mas a presença de todas as cores da condição humana. Em cada textura granulosa, eternizou momentos que o mundo preferia esquecer. Fez da fotografia um manifesto silencioso, transformando o olhar em ato político, a contemplação em revolução. Partiu deixando um legado em cinza e luz: milhões de olhos que aprenderam a ver além da superfície, corações que descobriram a força devastadora da empatia. Que sua câmera descanse, mas que suas imagens continuem inquietando consciências, lembrando-nos de que a verdadeira arte nasce quando a técnica encontra a alma.