Mateus‬ ‭17‬:‭17‬ ‭NVI‬‬ “Jesus respondeu: ― Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá‑los? Tragam‑me o menino.” ‭‭ Esse versículo ocorre no contexto da cura de um menino possuído por um demônio (Mt 17:14-21), logo após a transfiguração de Jesus. Ele reflete a frustração de Jesus com a falta de fé dos discípulos e da multidão, que não conseguiram realizar a cura. A “geração incrédula e perversa” reflete a condição caída da humanidade, que, mesmo diante da revelação divina (Jesus e suas obras), tende à incredulidade e à desobediência. Isso aponta para o fato de que o homem é incapaz de crer ou obedecer a Deus sem a graça proveniente dEle mesmo. R. C. Sproul destaca que a frase “geração incrédula e perversa” de Jesus ecoa passagens do Antigo Testamento como Deuteronômio 32:5 e Salmos 78:8, onde Israel é descrito como uma geração rebelde. Essa linguagem mostra a continuidade do plano redentor de Deus e a persistência da incredulidade humana ao longo da história, inclusive dentre os discípulos de Jesus. Sproul argumenta que a incredulidade dos discípulos é particularmente surpreendente, dado que eles haviam testemunhado inúmeros milagres. John Gill, outro expositor das Escrituras, argumenta que a incredulidade reflete a tendência humana de confiar em si mesma em vez de depender de Deus e confiar nEle. Enquanto João Calvino enfatiza que a incredulidade é um pecado grave, pois demonstra falta de confiança na soberania e no poder de Deus. “Até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los?”, essas perguntas retóricas apontam para a longanimidade de Deus, que suporta a fraqueza humana, mas também chama ao arrependimento e transformação. Calvino afirma que a necessidade de arrependimento é urgente. Matthew Henry destaca que essas indagações refletem a santa indignação de Jesus com a falta de progresso espiritual, especialmente de seus discípulos. R. C. Sproul segue na mesma linha de pensamento, interpretando essas perguntas como uma expressão da paciência divina, mas também como um lembrete da necessidade de crescimento espiritual. John Gill observa que a repreensão de Jesus é tanto uma expressão de tristeza quanto um chamado à correção. A repreensão de Jesus aos discípulos destaca a necessidade de uma fé ativa e robusta, fortalecida pela oração e jejum (v. 21). A verdadeira fé é um dom de Deus, mas deve ser cultivada intencionalmente por meio da comunhão com Ele e das disciplinas espirituais (leitura, meditação e estudo das Escrituras, adoração, oração, jejum, culto). “Tragam-me o menino.”, a capacidade de Jesus de curar o menino imediatamente após a falha dos discípulos destaca sua autoridade divina e sua suficiência para realizar o que os homens não conseguem. Além disso, tem-se de destacar a prontidão de Cristo para agir onde os homens falham. Mateus 17:17 não é um versículo que deve ser usado para criticar os discípulos que andavam com Jesus, antes, tem de ser usado pelos crentes para examinarem a própria fé. A incredulidade dos discípulos serve como um alerta contra a autoconfiança e a negligência espiritual. Essa passagem nos chama a depender de Cristo, buscar a Deus em oração e jejum, e confiar em sua soberania para vencer os desafios espirituais que diariamente enfrentamos. Sobre isso, Spurgeon via esse versículo como um convite para que os crentes busquem uma fé mais profunda, que confie em Deus mesmo diante desses desafios, que muitas vezes parecem impossíveis. Por fim, a paciência de Jesus com seus discípulos nos oferece esperança, mostrando que, apesar das falhas humanas, Cristo continua a agir em nosso favor. 1589. 28.05.2025. Soli Deo Gloria.