Devocional do Abreu 📜
Devocional do Abreu 📜
May 30, 2025 at 11:21 AM
Ações humanas sob o controle de Deus Dizer que as ações humanas estão sob o controle de Deus não implicaria subordinação? Dizer que as ações humanas estão “sob o controle de Deus” significa que Deus, como causa primária, ordena soberanamente todos os eventos, incluindo as escolhas humanas, para cumprir seus propósitos (Ef 1:11). Isso é parte da vontade decretiva de Deus, que é imutável e abrange tudo o que acontece. No entanto, esse controle não implica que Deus force, manipule ou atrapalhe as ações humanas de forma a eliminar a vontade humana. Há dois sentidos de subordinação, a ontológica (referente ao ser, existência) e a moral. No devocional 1588 (este é o 1590), eu citei que as ações humanas estão sob o controle de Deus, e isso pareceu contraditório, enquanto se argumentava justamente que as escolhas do homem são voluntárias e genuínas. Mas este “controle” não é moral, e sim ontológico. Essa palavra estranha, “ontológico”, refere-se a tudo que está relacionado com a existência ou o ser de algo. Na teologia, quando falamos de algo no sentido ontológico, estamos falando sobre essência, sua realidade fundamental ou a base de sua existência. O ser humano está subordinado ontologicamente a Deus porque Ele tem prioridade ontológica, pois Ele é o ser supremo, eterno e autoexistente (Êx 3:14, “Eu Sou o que Sou”). Ele existe por si mesmo e é a fonte de toda a existência, por isso o homem e todo o universo são dependentes dEle e estão sob o seu controle. Assim, a responsabilidade e liberdade moral humana são garantidas e preservadas pelo próprio Senhor. Não há qualquer subordinação moral do homem para com Deus. As escolhas dos homens, sua agência e tomada de decisões refletem real e genuinamente sua vontade, seus desejos e intenções. Não há qualquer manipulação ou interferência da parte de Deus em relação à moralidade do homem; ou seja, o controle soberano de Deus não significa que Ele coage os homens a pecar ou elimina sua agência moral. Portanto, dizer que as ações humanas estão “sob o controle de Deus” refere-se à dependência ontológica (tudo existe por meio de Deus e depende totalmente dEle para continuar a existir), mas não à subordinação moral que tornaria o homem irresponsável ou uma marionete. O controle de Deus não implica uma subordinação que elimine a liberdade (compatibilista, como vista no devocional 1587), mas sim que as ações humanas, embora livres, ocorrem dentro do escopo de sua vontade soberana. Dizer que as ações humanas estão “sob o controle de Deus” não implica uma subordinação que anule a liberdade ou responsabilidade humana porque: * O controle divino é exercido de forma que preserva a agência humana (liberdade compatibilista). * As ações humanas são voluntárias e moralmente significativas, tornando os indivíduos responsáveis. * A soberania divina opera em um nível ontológico e teleológico — que raios é isso? Eu também me perguntei. O sentido teleológico está ligado ao plano soberano de Deus, que ordena todos os eventos para cumprir seus propósitos (teleológico vem do grego telos, que significa “fim” ou “propósito”) —, enquanto a responsabilidade humana opera no nível moral (escolhas e consequências). No caso de Caim, o assassinato de Abel estava sob o controle soberano de Deus, mas ele não foi moralmente subordinado para cometer fratricídio contra seu irmão. Caim agiu livremente (escolha pessoal e moral), foi julgado por seu pecado (consequência), e Deus usou o evento para cumprir seus propósitos redentivos (soberania divina/teleologia). Este pode ser considerado o resumo dos devocionais 1585 a 1588, que tem como pano de fundo a morte de Abel, sobre a causalidade dupla, a soberania divina e responsabilidade humana, os tipos de liberdade (libertária e compatibilista) e a existência ou não de subordinação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. E, se não há subordinação, como as ações humanas estão sob o controle de Deus? O devocional de hoje respondeu a essa pergunta. Fique com o resumo. As ações humanas estão “sob o controle de Deus” no sentido de que dependem de sua soberania para existir (sentido ontológico) e cumprir seu plano (sentido teleológico), mas isso não implica uma subordinação que elimine a liberdade ou responsabilidade humana, porque não afeta nem manipula seu aspecto moral. A liberdade compatibilista garante que os homens agem segundo sua vontade, e a causalidade dupla assegura que essas ações, embora livres, estão harmonizadas com a vontade soberana de Deus. Assim, Caim foi responsável por matar Abel, mas seu ato estava sob o controle divino, sem que um princípio subordine o outro, preservando tanto a soberania de Deus quanto a responsabilidade humana. 1590. 29.05.2025. Soli Deo Gloria.

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