Passagens do AT que falam sobre a tensão soberania divina-responsabilidade humana Texto-base: Juízes 14:4a. “As palavras de Juízes 14:4a não devem ser consideradas adendos secundários. Elas não só fornecem os antecedentes para o descontentamento dos pais de Sansão (14:3), mas também geram a estrutura dentro da qual o enunciado de seu enigma assume significado. O retrato de Sansão é pouco saudável. A insistência dele em uma união ilícita, nessa passagem, não é exceção. Contudo, o escritor ainda pode dizer que isso vinha de Deus, porque Yahweh estava procurando uma oportunidade contra os filisteus. Não há esforço óbvio de encobrir os erros de Sansão; tampouco o caráter de Deus é contestado. De alguma forma misteriosa, ele mesmo está por trás dos motivos indignos de Sansão, não para promover o mal, mas para punir [justamente] os filisteus, pois, sem as façanhas que se seguiram, Israel poderia facilmente ter sucumbido à influência filisteia.” — D. A. Carson, Soberania Divina e Responsabilidade Humana, pág. 27-28. Deus, em sua soberania, usou as ações de Sansão (suas inclinações pessoais e voluntárias) para cumprir um propósito maior: confrontar os filisteus; visando o bem de seu povo escolhido, Israel. Os filisteus eram um povo pagão que oprimia Israel, frequentemente descrito nas Escrituras como inimigos do povo de Deus. Suas práticas idólatras e sua opressão sobre Israel eram ofensas contra a santidade de Deus e sua aliança com Israel. Na perspectiva e intenção de Sansão, ele queria apenas uma mulher para casar, mas o plano soberano de Deus era trazer juízo aos filisteus. Por que Deus queria puni-los? A punição dos filisteus é vista como um ato de julgamento divino contra o pecado e a idolatria, bem como uma forma de proteger e livrar Israel, mantendo a promessa de Deus de preservar o seu povo. Mais uma vez, a causalidade dupla ou concorrência divina é um conceito que busca harmonizar a soberania divina com a responsabilidade humana nos eventos que acontecem, de modo que um não seja subordinado ao outro, onde Deus permanece soberano, mas o homem não é eximido de sua responsabilidade ou culpa. Dentro disto, em sua providência, Deus usou até mesmo as ações pecaminosas de Sansão para cumprir seus propósitos. A liberdade compatibilista de Sansão foi mantida — ele não foi coagido por Deus a escolher essa mulher filisteia — e o propósito soberano de Deus foi alcançado, usando as ações humanas dentro do escopo do seu plano eterno, sem ferir a liberdade humana. 1594. 02.06.2025. Soli Deo Gloria.