Passagens do AT que falam sobre a tensão soberania divina-responsabilidade humana Texto-base: Jeremias 52:3 (cf. 2Reis 24:19s.) “Alguns estudiosos insistem que esse texto não pode significar que a ira de Yahweh foi a causa da iniquidade de Zedequias. É muito melhor admitir que, por mais embaraçosa que a fraseologia possa parecer, o TM transmite “a impressão de que a ira divina foi a causa da iniquidade excessiva em Judá, em vez de ser o resultado dela”. Essa ideia não é mais difícil do que 2Samuel 24.1ss.; e, como naquele caso, a ação divina é provavelmente judicial, pressupondo uma longa lista de violações anteriores. O ponto crucial para esse estudo é a tensão entre os aspectos divino e humano da rebelião de Zedequias. O escritor considera essa rebelião inevitável: Yahweh está por trás disso. No entanto, o caráter de Yahweh permanece imaculado; sua ação é justa e judicial. Enquanto isso, a ação de Zedequias não é o movimento reflexo de uma marionete, mas é caracterizada como algo “mau aos olhos do Senhor” (52:2). O motivo da desastrosa derrota de Zedequias está em seu próprio erro; a razão pela qual ele persiste nesse erro, mesmo diante do desastre iminente, está na ira de Yahweh, entendida judicialmente. A soberania divina, portanto, dá uma dimensão máxima à agonia do Exílio e, ao mesmo tempo, serve de aviso decisivo para as futuras gerações.” — D. A. Carson, Soberania Divina e Responsabilidade Humana, p. 32-33. A ira do Senhor produz justiça. Deus se irou contra Israel na época do reinado de Davi e o incitou contra o povo. Novamente, o Senhor estava irado com Israel e levou Zedequias a permanecer no seu erro, endurecendo seu coração como fez com o Faraó. Em todos esses casos, o Senhor agiu soberana e judicialmente, trazendo justiça. Que justiça é essa? Legalmente, o pecado acarreta em punição (Rm 6:23), pois todo pecado é uma afronta à santidade de Deus, e todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Em sua própria natureza, tanto Davi quanto Zedequias e o povo de Israel tinham dívidas legais e morais para com Deus, por causa de seus pecados. Então, quando Deus incita Davi contra o povo ou endurece o coração de Zedequias para que Ele traga justiça, agindo judicialmente e não misericordiosamente como em muitas outras oportunidades, Deus não está sendo de maneira alguma injusto, mal ou perverso, tampouco é o autor do pecado, uma vez que Ele é perfeitamente Santo e Puro, mas usa o próprio pecado humano quando deseja produzir justiça ou desenvolver seu plano de redenção. Por isso, mesmo quando Deus parece estar sendo rígido demais em sua justiça, precisamos reconhecer seu caráter imaculado e soberania em todas as suas ações, e perceber que não temos recebido a rigidez que nossos pecados merecem, pois sua graça tem nos acompanhado. Graças a Deus! 1605. 12.05.2025. Soli Deo Gloria.