
Autor Ismael Faria
June 15, 2025 at 11:19 PM
Durante o dia todo, o escritório de contabilidade em que eu trabalho estava uma loucura. Pessoas indo e vindo pelos corredores, reuniões quase intermináveis, papelada e burocracia para onde quer que se olhasse. Mas, naquele mar de pessoas apressadas e estressadas, havia uma troca de olhares entre Luma e eu, Colegas de trabalho que vivem uma tórrida história nos bastidores.
Mesmo entre pilhas de documentos e a tensão constante dos prazos, era impossível ignorar a presença dela. Luma não precisava de muito para dominar o ambiente. Bastava aquele caminhar seguro entre as mesas, a forma como prendia o cabelo ao subir as mangas da camisa ou os olhares certeiros que me lançava por cima dos óculos.
Era tudo milimetricamente sutil — e ao mesmo tempo, devastador. A cada olhar, sentia como se ela me puxasse para fora daquela rotina sufocante. Como se dissesse, sem palavras, que o expediente podia ser um inferno... mas que, depois dele, o céu tinha um nome. E morava no sétimo andar, no mesmo prédio, dois apartamentos acima do meu.
— “Luz baixa. Porta entreaberta. Traga só o que sente”. Naquele instante, o resto da papelada se tornou invisível.
A noite caiu, e o escritório, que antes fervilhava de gente, agora era só silêncio e eco. Alguns andares ainda tinham luzes acesas, mas ali no nosso setor, restavam apenas dois nomes no registro de saída: o dela e o meu.
Me levantei da minha mesa sem pressa, como quem apenas vai levar um relatório. No fundo, o peito acelerava como se eu estivesse prestes a cruzar uma linha que já conhecia bem... mas que ainda me tirava o fôlego.
A porta da sala de Luma estava exatamente como descrita: entreaberta, deixando escapar um feixe suave de luz amarelada. Toquei levemente antes de empurrá-la com a ponta dos dedos.
Ela estava de costas para mim, diante da estante, organizando algumas pastas. O blazer repousava sobre a cadeira, e a blusa branca de botões se moldava ao corpo dela com uma perfeição quase indecente sob a meia-luz do abajur.
— Achei que você fosse fugir da última reunião — disse ela, sem se virar, com aquela voz que parecia sempre saber o que fazia comigo.
— E perder a melhor parte do expediente? — retruquei, trancando a porta com um clique discreto.
Ela virou o rosto de leve, só o suficiente para que seus olhos encontrassem os meus por sobre o ombro. O brilho ali não era de cansaço. Era de algo que vínhamos alimentando há meses — e que agora, finalmente, teria espaço para crescer.
— Então fecha as pastas — ela sussurrou — e vem descobrir o que mais a gente pode arquivar... sob sigilo absoluto.
As palavras dela mal haviam se dissolvido no ar quando fechei a porta por completo, isolando aquele espaço do resto do mundo. O silêncio agora era cúmplice. E a meia-luz — uma testemunha íntima do que viria a seguir.
Me aproximei devagar, mas decidido. Luma deixou a pasta que segurava escorregar da mão e cair sobre a mesa, os olhos ainda fixos em mim. Quando nossas respirações se tocaram, os corpos logo fizeram o mesmo.
Minha mão deslizou por sua cintura, puxando-a com firmeza até o encontro dos nossos quadris. Ela se virou por completo e, sem uma única palavra, colou os lábios nos meus. Um beijo cheio de urgência, de promessas acumuladas entre planilhas e cafés.
Minhas mãos percorriam suas costas como se já soubessem o caminho. E talvez soubessem mesmo. A blusa dela cedeu sob meus dedos, botão por botão, até que se abrisse como um segredo revelado. Luma tirou os óculos com calma, deixando-os sobre a mesa antes de entrelaçar os braços no meu pescoço.
Em poucos movimentos, estávamos despindo as barreiras, as roupas, a razão. O sutiã caiu por entre os arquivos. Minha camisa foi jogada sobre uma cadeira. A saia dela se amontoou no tapete da sala, junto do resto da nossa lucidez.
Ela me empurrou contra a mesa com um olhar que dizia mais do que qualquer discurso de RH. Sentou-se sobre o tampo, puxando-me entre suas coxas com a sede de quem esperou demais.
Nossos corpos se encaixaram sem hesitar. Meus beijos desciam pelo seu pescoço, desbravando o colo, os seios, as curvas que eu já conhecia com os olhos e agora decorava com a boca. Cada suspiro dela era um estímulo, um convite, uma nova linha de um relatório que não precisava ser escrito.
As mãos dela exploravam minhas costas, unhas arranhando de leve, marcando território. Eu a segurava com firmeza pela cintura, como quem segura o mundo. E naquele instante, o mundo era só ela. Luma. Ofegante. Entregue. Minha.
Ela se inclinou sobre mim, mordendo o lóbulo da minha orelha antes de sussurrar:
— Faz valer cada hora extra...
E eu fiz. Com beijos entre as coxas, com movimentos ritmados, com a boca e as mãos em perfeita sintonia. A mesa estalava de leve sob nossos corpos, cúmplice silenciosa de cada impulso, cada gemido abafado.
Ali, entre pilhas de papéis e respirações entrecortadas, descobrimos que o expediente mais intenso não era o do dia... mas o que a noite nos permitia viver — com os corpos, as vontades e a meia-luz como únicos guias.
Ajoelhar-me diante dela foi como descer ao santuário onde todos os desejos acumulados ganhavam vida. O ar carregava a promessa do que viria, e eu sentia cada batida do meu coração acelerado, como um tambor chamando para a dança mais antiga e sagrada.
Luma estava ali, tão perto, com as pernas abertas como uma oferta silenciosa — um convite impossível de recusar. A meia-luz desenhava as curvas de seu corpo, destacando a suavidade da pele, o calor que emanava dela como fogo contido.
Minhas mãos deslizaram pelas coxas dela, sentindo a tensão que percorria seus músculos enquanto meus lábios se aproximavam da sua intimidade. O primeiro toque foi leve, um sussurro de língua que explorava com delicadeza, despertando ondas de prazer que logo cresceriam em intensidade.
Os gemidos dela começaram a escapar, baixos e urgentes, preenchendo aquele espaço pequeno com música e desejo. Eu me perdia em cada suspiro, cada movimento, respondendo ao chamado que só ela sabia fazer tão bem.
Minha boca subia, traçando um caminho de beijos molhados até seus joelhos, depois suas coxas, sempre retornando para aquele centro onde eu era recebido com fogo e doçura. Os dedos de Luma se enterravam nos meus cabelos, puxando-me mais para perto, para dentro daquele instante onde só existíamos nós dois.
A respiração dela se tornava mais rápida, os dedos mais ansiosos, e eu sabia que estava prestes a entregá-la ao ápice daquele momento — uma entrega que eu desejava tanto quanto ela.
O calor da pele dela contra a minha subia como uma chama viva, enquanto eu me entregava ao sabor e à textura daquele néctar frondoso que só Luma sabia oferecer com tanta precisão e desejo. Cada suspiro que ela soltava era como um convite silencioso para que eu subisse, para que nosso encontro se tornasse ainda mais intenso.
Quando finalmente me levantei, senti suas pernas envolverem minha cintura com firmeza quase possessiva, como se ela quisesse me fundir a si, eliminar qualquer distância que ainda existisse entre nós. O encaixe era perfeito — corpos alinhados, pulsando em sincronia, num ritmo que nem precisávamos combinar.
Suas mãos seguravam meu rosto, guiando meus lábios aos dela num beijo quente e profundo, onde todas as palavras eram substituídas por gemidos e carícias. O mundo lá fora desapareceu, restando apenas o calor do nosso encontro, a suavidade da pele, o sabor de desejo e entrega.
Cada movimento, cada toque, era uma promessa que cumpríamos sem pressa, com a intensidade de quem sabe que o tempo é só nosso — e que essa meia-luz guardaria para sempre o segredo do que vivemos naquela noite.
Não me contive. A virei de costas, ela com as mãos sobre a mesa, e segurei sua cintura firmemente. Os sons dos gemidos dela me impulsionavam.
Os gemidos de Luma ecoavam pela sala vazia, reverberando na penumbra que nos envolvia como um manto íntimo. Seu corpo curvado sobre a mesa, as mãos firmes buscando apoio, mostrava uma vulnerabilidade que só aumentava a chama entre nós.
Segurei sua cintura com força, sentindo cada contração, cada tremor que escapava dela como resposta ao meu toque. A pele quente sob meus dedos incendiava meus sentidos, tornando impossível qualquer hesitação.
A respiração dela acelerava, entrecortada, enquanto eu guiava nossos corpos com a intensidade e a precisão de quem conhece cada segredo do prazer compartilhado. A luz tênue acariciava suas curvas, enquanto nossas peles se encontravam num ritmo ardente, quase sagrado.
Cada gemido, cada suspiro, era um chamado que eu atendia sem pensar, entregando-me completamente àquele momento onde éramos só nós — sem regras, sem horários, apenas desejo e entrega pura.
Luma simplesmente jogou todos aqueles papéis e pastas ao chão, deitando-se sobre a mesa com a graça de quem sabe exatamente o que quer. Seus olhos brilhavam sob a meia-luz, o sorriso provocante brincando nos lábios enquanto ela me chamava, estendendo a mão.
— Vem — sussurrou, a voz carregada de desejo.
Não hesitei. O calor do corpo dela contra a superfície fria da mesa misturava-se à urgência que crescia dentro de mim. Cada toque, cada beijo, cada suspiro, transformava aquele espaço de trabalho em um santuário do prazer, onde só existíamos nós dois.
Minha mão deslizou pela curva da cintura dela, sentindo o calor que irradiava sob a pele, enquanto me aproximava devagar, saboreando cada segundo antes do encontro. Luma arqueou o corpo, entregando-se ao toque com uma mistura de desejo e confiança que me deixou sem fôlego.
Os beijos começaram suaves, explorando o pescoço e os ombros expostos, antes de descerem lentamente, como se tivessem todo o tempo do mundo para descobrir cada centímetro daquela pele macia e sedutora.
Com as mãos firmes, segurei as pernas dela, sentindo a força com que me abraçava, enquanto nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Os suspiros se transformaram em gemidos baixos, preenchendo a sala e criando uma melodia que só nós dois conhecíamos.
A mesa rangia sob o peso e o movimento, testemunha silenciosa da entrega que só acontecia entre nós, naquele instante roubado do tempo e da rotina.
Luma me puxava com urgência, e eu retribuía com paixão, sentindo cada contração, cada resposta do seu corpo que me fazia perder o controle aos poucos.
— Não me deixe esperar mais — ela sussurrou, a voz embargada pelo prazer.
E eu não deixei.
Luma segurava firmemente as bordas da mesa, os dedos enterrados na madeira enquanto meu ritmo se acelerava. Cada movimento meu fazia seu corpo estremecer sob a meia-luz, seus gemidos preenchendo a sala vazia com uma urgência cheia de alarmes. O calor entre nós era sufocante, uma mistura de desejo e entrega que queimava mais forte a cada instante. Ela arqueava as costas, buscando mais, pedindo sem precisar dizer, enquanto minhas mãos firmes seguravam sua cintura, guiando nosso ritmo com precisão.
Os cabelos dela caíam soltos, emoldurando o rosto marcado por uma expressão intensa, onde dor e prazer se misturavam em uma dança perfeita.
O tempo parecia desacelerar, cada segundo estendendo-se até o limite, até que, enfim, nossas respirações se entrelaçaram, anunciando que o ápice estava próximo.
Ela se levantou num impulso inesperado, os olhos acesos como brasas vivas. Antes que eu pudesse reagir, Luma me empurrou com força controlada, me jogando sobre o carpete macio da sala dela, como se dissesse que agora era ela quem conduzia — e eu, seu deleite.
Montou sobre mim com um movimento felino, os joelhos firmes ao meu lado, o corpo arqueado num espetáculo de pura luxúria. Os cabelos caíam como cortinas escuras ao redor do rosto, e o olhar, fixo no meu, me atravessava com fome.
Sem hesitar, ela se encaixou sobre mim, devagar, como quem se saboreia. Soltou um gemido profundo, arrastado, enquanto descia por completo, tomando tudo de mim. Meu corpo reagiu como se ela fosse o centro do universo — e naquele instante, ela era.
Luma começou a se mover com uma cadência deliciosa, ritmada, provocante. Suas mãos se apoiavam no meu peito, os quadris giravam com maestria, e os olhos mantinham contato firme com os meus, como se quisesse me ver desmoronar sob ela.
Cada movimento arrancava de mim um gemido rouco, cada rebolar era uma provocação que me deixava à beira da rendição. Ela me cavalgava com o domínio de quem sabe exatamente o poder que tem — e o usava com crueldade doce.
O clímax se aproximava, crescente, inevitável.
Luma se movia sobre mim como se estivesse em transe — ou como se me colocasse nele. Os quadris ora desciam com força, ora giravam com lentidão exasperante, como se cada milímetro fosse parte de um jogo meticuloso entre tortura e êxtase.
Meus dedos cravaram-se nas coxas dela, sentindo o calor úmido que nos unia, a carne que se moldava à minha, apertada, viva, latejante. Seu corpo era um templo e uma prisão. Uma oferenda e uma sentença.
Ela se debruçou sobre mim, os seios roçando meu peito, os lábios tocando meu ouvido com voz embriagada de luxúria:
— Derrama pra mim… dentro… eu quero tudo.
Foi como romper um selo. Eu a agarrei pela cintura com uma força selvagem, impulsionando meu corpo contra o dela em estocadas intensas, sem freio, sem pudor. Ela jogou a cabeça para trás, os cabelos se espalhando em ondas, o corpo inteiro tremendo sobre o meu.
— Assim… assim... não para — ela implorava, cada palavra mais rouca que a anterior, enquanto me cavalgava com fome e fogo.
E então veio. Primeiro, o corpo dela se enrijeceu, os olhos fechados, as unhas arranhando meu peito com força deliciosa. Um grito abafado rompeu-lhe os lábios — um gozo que tomou conta de Luma por inteiro, como uma onda de calor que percorreu sua espinha até explodir num tremor irreprimível.
Eu a segui no instante seguinte. O prazer cresceu com brutalidade, vindo das entranhas, do fundo, do desejo há muito represado. Derramei dentro dela com um gemido rouco, sufocado entre seus seios e os braços que agora me envolviam com carinho violento.
Por alguns segundos, não houve nada. Nenhuma voz. Nenhum pensamento. Apenas nossas peles grudadas, corações em disparada e o gosto adocicado do pecado cometido sobre o carpete de uma sala que, até então, só conhecia o som das teclas e do ar-condicionado.
Ela sorriu. Beijou meu queixo com delicadeza e sussurrou:
— Esquece os prazos. A única urgência que importa… é a nossa.
E ali, envolto no perfume do prazer e da pele suada de Luma, percebi: algumas reuniões deveriam ser eternamente confidenciais.
Autor Ismael Faria
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
