Autor Ismael Faria
Autor Ismael Faria
June 17, 2025 at 01:10 AM
A porta se fechou atrás de mim com um estalo seco. Estávamos no apartamento da Vivian, e pela primeira vez naquela noite, o silêncio me pareceu mais alto que qualquer batida de música. Ela deixou as chaves na mesinha da entrada, me olhou por cima do ombro e disse, com a voz mais baixa e perigosa do que nunca: — Vem. Segui seus passos pela penumbra do apartamento, iluminado apenas pelas luzes da cidade que entravam pelas janelas. Tirava os sapatos pelo caminho, como quem se despia de qualquer resistência. Vivian parou na frente do quarto, encostada no batente da porta, me observando com olhos que incendiavam a pele. — Tá com medo? — perguntou, quase num sussurro. — De você? — dei um passo à frente. — Tô com medo de não querer outra coisa depois disso. Ela sorriu. Um sorriso lento, de quem sabe exatamente o que está prestes a fazer. Entramos no quarto. A porta se fechou. E tudo o que ficou entre nós foi a tensão prestes a explodir. Vivian se aproximou devagar, puxando o zíper do meu vestido, deixando que ele deslizasse pelos meus ombros até cair aos meus pés. Seus dedos tocaram minha pele com reverência e vontade. Olhou meu corpo como quem observa uma obra de arte que desejava há muito tempo. — Tão linda... — murmurou, antes de colar os lábios nos meus. O beijo foi lento, profundo, cheio de promessas sujas. Meus dedos se enroscaram nos cabelos dela. As roupas foram saindo peça por peça, entre beijos, risos abafados e gemidos que escapavam antes mesmo de qualquer toque mais íntimo. Caímos na cama, entrelaçadas, bocas buscando, mãos explorando. Vivian me virou de lado, colando seu corpo ao meu, a mão deslizando por entre minhas coxas como se já soubesse exatamente onde e como me tocar. Seus dedos encontraram meu centro molhado e começaram a brincar com uma precisão assustadora. — Gosta assim? — perguntou, mordendo meu ombro. — Não para... — foi tudo o que consegui dizer, quase arfando. Ela não parou. E nem diminuiu o ritmo. Me fez ter ápice de novo, com a cabeça jogada no travesseiro e os olhos fechados, sentindo o corpo dela colado ao meu enquanto eu me desmanchava nos seus braços. Mas ela ainda tinha mais. Muito mais. Quando voltei a respirar com clareza, ela me olhou, com um brilho perigoso nos olhos. — Agora... é minha vez. Ela me deitou de costas, os cabelos caindo sobre o rosto, os olhos fixos nos meus. — Agora é minha vez — repetiu, com uma voz que parecia sair de dentro do meu próprio peito. Vivian se ajoelhou entre minhas pernas e me abriu com as mãos como se abrisse um segredo que sempre quis desvendar. Seus olhos percorriam cada detalhe meu, cada curva, cada suspiro. E então ela desceu — sem pressa, sem presságio, apenas fome. Sua boca encontrou minha intimidade com um beijo demorado, molhado e quente. Um arrepio atravessou minha espinha como um choque. Minhas mãos agarraram os lençóis, mas o que eu queria mesmo era agarrar ela — impedir que parasse, ainda que por um segundo. Vivian me provava com a língua como quem experimenta algo precioso. Ela desenhava círculos lentos, depois mergulhava, sugava, me puxava cada vez mais fundo numa espiral de prazer que me deixava sem chão, sem voz, sem lógica. — V... Vivian... — minha voz era só um gemido rouco, um pedido desgovernado. Ela subia e descia o ritmo como se conhecesse a música do meu corpo. Me invadia com os dedos, dois, depois três, me preenchendo enquanto sua língua me consumia em ondas que eu já não sabia mais como conter. — Derrama pra mim de novo, Laurinha... — ela disse com a boca ainda em mim, a vibração da frase fazendo meu corpo inteiro estremecer. Meu ápice outra vez. Forte. Gritei seu nome como se fosse a única palavra que existia no mundo. Meu corpo arqueou, se entregou, se abriu inteiro pra ela. Me desmanchei sob seus toques e beijos, e mesmo assim, ela não parou. Me levou além. Muito além. Quando finalmente Vivian subiu e deitou ao meu lado, nossos corpos estavam suados, quentes, nossos corações disparados. Ela me puxou para perto, nossas pernas entrelaçadas, nossos rostos a centímetros. — Agora você sabe — disse, sussurrando. — Nunca mais vai me olhar do mesmo jeito. Toquei seu rosto, ainda sem ar. Beijei sua boca com calma, com carinho, com entrega. — Eu nunca mais vou querer outra boca além da sua. O silêncio entre nós era um respiro depois da tempestade. Mas não um silêncio vazio — um silêncio carregado, cheio de descobertas. Vivian me abraçou forte, e pela primeira vez naquela noite, senti que não era só desejo — era algo maior, mais verdadeiro. — Você me mudou — ela sussurrou. — E você me encontrou — respondi, com o coração ainda acelerado. Nossos corpos se entrelaçaram numa dança que não precisava de música, nem de palavras. Só de toque, calor e a certeza de que aquela noite, aquela entrega, era só o começo. E enquanto a madrugada corria lá fora, nós duas descobríamos que algumas baladas não terminam quando a música para. Elas só estão começando. A luz fraca do amanhecer invadia o quarto, pintando nossas peles com tons dourados. Ainda entrelaçadas, sentia o calor do corpo dela como um abrigo contra o mundo que insistia em acordar lá fora. Vivian despertou primeiro, seus olhos encontrando os meus com um sorriso travesso. — A gente devia ter começado assim faz tempo — murmurou, puxando-me para um beijo lento, quase um pedido de desculpas pelo tempo perdido. Eu sorri, sentindo o peito apertar. — Melhor tarde do que nunca. Nossos corpos se ajustaram como se aquela entrega tivesse quebrado todas as barreiras que construímos. Ela passou os dedos pelo meu cabelo e, com uma voz ainda rouca, confessou: — Eu não quero mais esconder o que sinto... nem de mim, nem de você. E naquele momento, a promessa da balada se tornou uma realidade. Não mais amigas, não só amantes. Era cedo, mas nossos corpos já pediam mais. Sem hesitar, Vivian me puxou para perto de novo, os lábios se encontrando num beijo urgente, cheio de pressa e desejo. Suas mãos exploravam meu corpo com pressa, e eu respondia na mesma medida, arrepiada pelo toque dela. Caímos na cama em um movimento só, como se não houvesse tempo a perder. Seus beijos desceram pelo meu pescoço, pelo colo, enquanto minhas mãos se enroscavam em seus cabelos, puxando-a ainda mais para mim. Vivian deslizou as mãos pelas minhas costas, puxando o vestido até minha cintura e então com um gesto rápido, já estávamos nuas, os corpos colados, sentindo cada centímetro da pele uma da outra. Ela me segurou pelos quadris e me guiou num ritmo frenético, as respirações se misturando, os gemidos escapando soltos, quebrando o silêncio da manhã. — Não para... — eu sussurrei, perdida na sensação quente que só ela sabia me dar. Ela sorriu contra meu pescoço e respondeu com um gemido rouco. Em poucos minutos, explodimos juntas, um êxtase rápido e ardente, como fogo que queima sem pedir licença. Quando a onda passou, ficamos ali, respirando juntas, as mãos ainda se procurando, a pele ainda grudada, sabendo que aquela conexão não se apagaria tão cedo. Estava tudo uma delícia entre nós duas. Ficamos ali, entrelaçadas, o calor dos nossos corpos se misturando enquanto o sol tímido começava a invadir o quarto. Minhas mãos passeavam lentamente pela pele dela, ainda sensível, explorando cada curva, cada pequena marca que tínhamos deixado uma na outra. Vivian me olhou nos olhos, um brilho doce e intenso, como se quisesse falar tudo sem dizer uma palavra. — Você mudou tudo pra mim — ela disse, a voz baixa e sincera. Eu sorri, sentindo uma mistura de orgulho e desejo crescer no peito. — E você me ensinou a não ter medo de sentir. Nosso beijo foi mais calmo, mais longo, como se o tempo tivesse parado só para nós duas. Aquele momento era mais do que sexo ou paixão — era entrega, era começo, era a promessa de que, dali pra frente, nada seria igual. E enquanto a cidade lá fora acordava, nós duas já sabíamos que tínhamos criado um novo mundo — só nosso. Autor Ismael Faria DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
Image from Autor Ismael Faria: A porta se fechou atrás de mim com um estalo seco. Estávamos no aparta...

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