🪽 Asas de icaro 🪽 Asas de Ícaro, moldadas em sonho, Presas com cera, frágeis de tanto querer. Não era fuga, era sede de céu, Era o peito dizendo: preciso viver. Voou não por glória, nem por vaidade, Mas por amor ao sol — tão distante, tão cruel. Era mais que calor, era paixão ardente, Era desejo de tocar o inalcançável e belo. Amou o sol como quem ama o impossível, Como quem ama sabendo que vai doer. E mesmo assim abriu as asas ao risco, Preferiu queimar-se a não viver. Cada batida era confissão de saudade, De um brilho que nunca o abraçaria inteiro. E o sol, indiferente no seu fulgor, Beijou Ícaro com o beijo derradeiro. Não falem da queda como erro ou falha, Foi amor demais pela vastidão. E quem nunca quis tocar o inalcançável, Jamais entenderá a dor da ascensão. Pois às vezes, voar é mais nobre que vencer, Mesmo que a queda rasgue o peito em vão. Ícaro caiu, sim — mas caiu sentindo, Com o sol inteiro dentro do coração. > Skzy