
Genuínos Ortodoxos no Brasil
June 11, 2025 at 09:04 AM
O Deus do Antigo Testamento é o Verdadeiro Deus?
*Uma resposta ortodoxa às acusações de monolatria, paganismo e influência grega
*
❖ Introdução
Nos últimos tempos, algumas ideias têm se espalhado, sugerindo que a fé dos antigos patriarcas de Israel não era monoteísta, mas monólatra ou mesmo politeísta; que o Deus bíblico teria sido apenas um entre vários deuses do panteão cananeu; e que o monoteísmo teria surgido apenas tardiamente, sob influência dos profetas ou da filosofia grega. Essas teses, embora populares em certos círculos acadêmicos seculares, não refletem a doutrina da Igreja Ortodoxa nem a verdade revelada na Sagrada Escritura.
Este folheto apresenta uma resposta fiel à Tradição da Igreja, refutando essas acusações com base nas Escrituras, nos Santos Padres e na compreensão ortodoxa da história da salvação.
❖ 1. Os Patriarcas eram Monólatras ou Monoteístas?
Alguns afirmam que personagens como Abraão, Moisés e Davi adoravam apenas um deus entre muitos (monolatria), e que o verdadeiro monoteísmo só teria surgido no tempo do profeta Elias ou do rei Josias.
Resposta Ortodoxa:
Desde o início, Deus revelou-Se como o único Deus verdadeiro. Os Patriarcas não apenas adoravam o Deus verdadeiro, mas sabiam que Ele é o único Criador e Senhor de tudo. A idolatria dos povos vizinhos, bem como os desvios do próprio povo hebreu, não invalidam a revelação do monoteísmo, mas apenas confirmam a tendência humana de cair no erro.
> “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 6:4).
> – Testemunho do monoteísmo na Torá, muito antes de Elias ou Josias.
> “Abraão viu o meu dia, e se alegrou” (João 8:56).
> Abraão viu o dia de Cristo, isto é, a encarnação do Senhor, com os olhos da fé... Ele creu que em sua descendência todas as nações seriam abençoadas — isso é ver o dia de Cristo.”
— Tratado sobre o Evangelho de João, 43, 13 (Venerável Agostinho)
O Próprio Cristo testemunha que Abraão tinha conhecimento de Deus.
A Igreja venera os Patriarcas como Santos Profetas que aguardavam a vinda do Messias e mantinham a fé no Deus Único. Os Santos Padres nunca os consideraram pagãos ou ignorantes da verdadeira fé.
❖ 2. A Palavra “Elohim” está no Plural: Isso Significa Politeísmo?
Não. A palavra hebraica Elohim é gramaticalmente plural, mas usada com verbos e adjetivos no singular quando se refere ao Deus de Israel. Trata-se de um plural de majestade, usado para exprimir a grandeza e supremacia divina.
Além disso, os Padres veem nesta forma uma sutileza que aponta para o mistério da Trindade, revelado plenamente apenas no Novo Testamento.
> “Façamos o homem à nossa imagem” (Gênesis 1:26)
> – A Tradição interpreta como um indício da pluralidade de Pessoas na unidade de Deus. Pai, Filho e Espírito Santo.
❖ 3. Tehom e Tiamat: O “abismo” de Gênesis seria um eco de mitos pagãos?
Críticos dizem que a palavra hebraica Tehom (“abismo”, em Gênesis 1:2) teria relação com Tiamat, uma deusa do caos babilônico.
Resposta Ortodoxa:
A semelhança sonora entre “Tehom” e “Tiamat” não indica dependência religiosa. Tehom significa simplesmente “profundidade” ou “vazio primordial”, sem qualquer noção de personalidade divina. Ao contrário dos mitos politeístas, a Bíblia ensina que Deus criou tudo sozinho, sem combate entre deuses, e de forma ordenada.
> “No princípio, Deus criou o céu e a terra...” (Gênesis 1:1)
> – Não há deuses rivais, apenas o único Criador.
> Santo Basílio, em sua Homilia sobre os Seis Dias da Criação, rejeita qualquer leitura mítica e ensina que o “abismo” é o estado informe antes da ordenação pela Palavra de Deus.
❖ 4. Deus e Asherah: “Deus teria tido uma esposa”?
Algumas correntes modernas alegam que YHWH (Deus) teria tido uma “esposa” chamada Asherah, deusa da fertilidade do panteão cananeu, e que esse culto teria sido comum entre os antigos israelitas.
Resposta Ortodoxa:
É verdade que, em tempos de decadência, muitos israelitas adotaram práticas pagãs, inclusive a adoração de Asherah. Mas a Bíblia não apoia isso — denuncia fortemente esses desvios como idolatria.
> “Derrubou as imagens de Aserá e destruiu os altares de Baal” (2 Reis 23:4-7)
> – Josias combate a idolatria, não cria um novo monoteísmo.
A presença de elementos pagãos entre os israelitas mostra a infidelidade do povo, não a origem do Deus bíblico. O verdadeiro Deus é o mesmo que se revelou a Moisés como "Eu sou o que sou" (Êxodo 3:14), e não tem “esposa”.
❖ 5. O Monoteísmo veio dos Filósofos Gregos?
Há quem diga que o cristianismo teria adotado o monoteísmo mais da filosofia grega que do judaísmo antigo.
Resposta Ortodoxa:
A Igreja sempre ensinou que Deus se revelou ao povo de Israel desde o início. Os filósofos gregos, em sua busca racional, chegaram a algumas intuições sobre a existência de um Deus supremo, mas não conheceram o Deus vivo nem a Trindade Santa.
> “Aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” (Romanos 3:2)
> – São Paulo afirma que a revelação pertence ao povo de Israel.
> “O que para os gregos é sabedoria, é loucura para Deus.” (1 Coríntios 1:21)
> – O cristianismo não nasceu da razão grega, mas da revelação divina.
Os Santos Padres usaram elementos da filosofia grega como instrumentos de explicação, mas sempre subordinados à fé revelada no Antigo e Novo Testamentos.
Os Padres da Igreja não eram filósofos, ou intelectuais, eram cheios do Espírito Santo e portadores de Deus. A fé não tem base na filosofia, a base da fé é a própria revelação de Cristo e o próprio Pentecostes que ocorreu sobre os Apóstolos e que foi salvaguardado pelos Padres da Igreja.
❖ Conclusão
A fé da Igreja Ortodoxa é clara:
> O Deus que se revelou a Adão, a Noé, a Abraão, a Moisés, a Elias e aos Profetas é o único Deus verdadeiro, Criador do céu e da terra, que em Cristo Se manifestou em plenitude.
As teorias modernas que tentam apresentar o Antigo Testamento como mitologia ou paganismo disfarçado não têm base na Tradição da Igreja nem na leitura espiritual das Escrituras. Elas nascem de uma abordagem racionalista e secular que nega a revelação divina.
> “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e pelos séculos” (Hebreus 13:8)
> O mesmo Deus que chamou Abraão é o que nos salva em Cristo. A Ele a glória pelos séculos!
Todos esses questionamentos, não são mera ignorância sobre a Ortodoxia, trata-se de real modernismo daqueles que adoram ver a si mesmos como sábios (ou intelectuais).
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