
Genuínos Ortodoxos no Brasil
June 18, 2025 at 08:17 PM
*O jejum dos Santos Apóstolos*
O jejum dos Santos Apóstolos, também conhecido como Jejum de São Pedro e São Paulo, é um dos jejuns estabelecidos pela Igreja Ortodoxa, tendo raízes muito antigas, já atestadas nos primeiros séculos do cristianismo. Este jejum é praticado em honra aos santos apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos apóstolos que, após a descida do Espírito Santo no Pentecostes, partiram em missão para pregar o Evangelho a todas as nações, com grande zelo, oração e ascese.
A origem deste jejum remonta ao exemplo deixado pelos próprios apóstolos. Após a Ascensão do Senhor e a vinda do Espírito Santo no Pentecostes, os apóstolos prepararam-se para sua missão com oração e jejum. Essa prática tornou-se uma tradição da Igreja, como uma forma de imitar os santos apóstolos na preparação espiritual para o trabalho missionário e para a defesa da fé, culminando na celebração da memória de São Pedro e São Paulo, no dia 29 de junho (segundo o calendário juliano, que corresponde ao dia 12 de julho no calendário civil).
Diferente da Grande Quaresma, o jejum dos apóstolos não tem data fixa para começar. Seu início é determinado pelo domingo seguinte à festa de Pentecostes, ou seja, começa na segunda-feira após o Domingo de Todos os Santos, e se estende até o dia da festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo. Portanto, sua duração varia de ano para ano, podendo durar de alguns poucos dias até seis semanas, dependendo da data em que cai a Páscoa.
Durante esse jejum, os fiéis são chamados a intensificar a oração, a caridade, a confissão dos pecados e a abstinência alimentar. Tradicionalmente, observam-se os costumes típicos de um jejum ortodoxo: abstinência de carne, laticínios e, em certos dias, de peixe, azeite e vinho, conforme as tradições locais e as orientações da jurisdição eclesiástica. É um tempo de purificação espiritual, de preparação e de dedicação ao Senhor, em espírito de humildade e sobriedade, lembrando-se da fé inabalável, dos sofrimentos e do martírio dos apóstolos.
Na tradição da Igreja, este jejum não é visto como um fardo, mas como um dom espiritual que nos permite participar, em parte, dos esforços apostólicos dos primeiros discípulos. É um tempo em que somos convidados a renovar nossa fidelidade a Cristo e a missão da Igreja, com o mesmo fervor com que os apóstolos entregaram suas vidas por amor a Deus e à salvação das almas.
Além disso, o jejum dos apóstolos nos ensina a importância da constância na vida espiritual. Enquanto o mundo moderno valoriza o conforto e a gratificação imediata, a Igreja Ortodoxa continua a proclamar que o caminho da salvação passa pela cruz, pela luta interior contra as paixões, pelo esforço voluntário, e que o jejum é um instrumento eficaz nessa batalha.
Assim, o jejum dos Santos Apóstolos é uma expressão do espírito apostólico vivo na Igreja até hoje, chamando todos os cristãos a unirem-se ao testemunho dos apóstolos, não apenas com palavras, mas com a vida, com a renúncia, com a vigilância e com o ardor missionário. Ao final deste jejum, ao celebrarmos com júbilo os santos Pedro e Paulo, damos glória a Deus por nos conceder tais exemplos de fé e coragem, e renovamos o compromisso de seguir, com a mesma determinação, o caminho da santidade e da proclamação da verdade de Cristo.

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